ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE: UMA FERRAMENTA EFICAZ NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE JOINVILLE

Autora: Astrit Kupas Grünhagen

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE:
UMA FERRAMENTA EFICAZ NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE JOINVILLE
 
 
Astrit Kupas Grünhagen
Prof. Leomar Kieckhoefel
 
 
RESUMO
 
 
O processo de inclusão na escola regular das crianças com necessidades especiais e talentos (superdotação), e a implantação das salas de recursos multifuncionais para o Atendimento Educacional Especializado tem gerado muitas dúvidas na comunidade escolar, tanto por parte do corpo docente ou discente, e principalmente por parte dos pais dos alunos. Este artigo sintetizou vários artigos científicos, bem como observou o amparo legal, para procurar esclarecer dúvidas sobre o Atendimento Educacional Especializado, o público-alvo, a forma de atendimento e a eficácia deste no processo de inclusão escolar.
 
 
Palavras-chave: Inclusão. Atendimento Educacional Especializado.Eficácia.
 
 
1 INTRODUÇÃO
 
 
Na organização deste texto, foram pesquisados e abordados vários artigos científicos, regulamentações e normativas estabelecidas pelo Ministério da Educação, como também consultados documentos de especialistas na área de Educação Especial para que através deste artigo possa ser elencado o conceito de Atendimento Educacional Especializado, objetivos, público-alvo, salas de recursos multifuncionais, perfil do profissional do AEE e as perspectivas o futuro.
As diretrizes utilizadas para reflexão acerca da Educação Especial e do Atendimento Educacional Especializado foram essencialmente retiradas dos conteúdos de documentos legais nacionais, que estabelecem a regulamentação e as normativas do Ministério da Educação no que tange a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. (SEESP/ MEC, 2008).
Até o ano de 2009 as crianças consideradas especiais recebiam atendimento educacional em escolas ou em instituições públicas e privadas especializadas no atendimento da deficiência do aluno, tornando o ensino substitutivo ao ensino regular. Levando isso em conta é que o Atendimento Educacional Especializado – AEE tem se mostrado uma ferramenta eficaz no processo de inclusão escolar na Rede Municipal de Joinville especialmente por preencher uma lacuna importante surgida no processo de transição dos alunos das classes especiais para o ensino regular. Ao disponibilizar espaço físico, materiais adequados e profissionais capacitados, o AEE torna-se uma ferramenta para intermediar a adaptação e a inclusão do aluno na escola.
No entanto, o AEE tem ao mesmo tempo gerado muitas dúvidas acerca do seu funcionamento na prática. A comunidade escolar (docente, discente e a comunidade num todo) desconhece ou muitas vezes entende de forma errônea o trabalho e o público-alvo do AEE. Diferentemente das classes de apoio ou de recuperação escolar, o AEE faz um processo de intermediação do conhecimento voltado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
             A nova legislação da Política de Educação Inclusiva abriu as portas da escola para as crianças com necessidades especiais e também para os talentos, fazendo-se necessária e a implantação do Atendimento Educacional Especializado – AEE.
            Paulo Ramos (2009) considera como o grande desafio da inclusão para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, vai muito além da permanência do aluno na escola regular, mas no desenvolvimento do potencial de cada um através de uma educação centrada no respeito e na valorização das diferenças.
            O processo de inclusão deve levar a comunidade a perceber que o aluno com deficiência não vai atrapalhar a aprendizagem dos demais alunos, mas além de exercer seu direito constitucional, permitirá a todos a ampliação de uma visão mais humana e solidária ao respeitar e conviver com as diferenças.
O aluno com deficiência ou altas habilidades, ao ser matriculado em classes correspondentes a sua idade cronológica poderá através da convivência com os colegas participar de um grupo social que lhe é próprio. Por apresentarem alguma deficiência ou altas habilidades é importante o convívio com seus pares em escolas comuns, para que ao conviver com pessoas “potencialmente capazes”, elas possam juntas construir um referencial mais próximo da normalidade. (RAMOS, 2005).
            A Educação Especial dentro do contexto escolar é paralela à educação comum e integrada a proposta pedagógica da escola regular e deve ser percebida como uma modalidade que perpassa todos os níveis. O texto elaborado pelo SEESP/MEC (2008), sobre a Política de Educação Especial, na Perspectiva Inclusiva, apresenta a transversalidade da Educação Especial: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, Educação de Jovens e adultos, Educação Indígena, Educação do Campo e Educação Quilombola.
            O Atendimento Educacional Especializado lança um olhar sobre novas práticas de ensino e a garantia do direito à educação a todos através do aprimoramento de suas práticas pedagógicas, da articulação entre as propostas de trabalho utilizadas pelo professor do ensino regular e da diferenciação das atividades realizadas.
            A produção deste artigo foi realizada através de Pesquisa bibliográfica, a partir das orientações de elaboração de Ramos e Ramos (2009), alicerçada na fundamentação teórica de vários artigos científicos, normativas e regulamentações prescritas pelo Ministério de Educação e Cultura que sustentam o amparo legal das informações aqui listadas.
 
 
2 O PROCESSO DE INCLUSÃO E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
 
 
            Para alguns professores do ensino regular, e para especialistas em educação especial, a inclusão escolar amedronta. Muitos argumentam que não tiveram preparo para trabalhar com crianças especiais e sentem-se “esvaziados” ao constatar que a escola inclusiva não admite a repetência tradicional. Toma-se como exemplo um aluno de 14 anos não alfabetizado, frequentar o 9º ano, vale ressaltar que a inserção por idade cronológica é um dos principais parâmetros da inclusão. (WERNECK, 2010).
            Conviver diariamente com alunos considerados deficientes ou diferentes, exige uma mudança de postura tanto dos professores como dos colegas de classe. A falta de preparo não pode mais ser usada como muleta para a falta de compromisso ético e pedagógico. Por isso faz-se necessário uma reestruturação educacional.
Para Rosangela Prietto (2005, p.35):
 
O planejamento e a implantação de políticas educacionais para atender alunos com necessidades educacionais especiais requerem domínio conceitual sobre inclusão escolar e sobre as solicitações decorrentes de sua adoção enquanto princípio ético-político, bem como a clara definição dos princípios e diretrizes nos planos e programas elaborados, permitindo a (re)definição dos papéis da educação especial e do lócus do atendimento desse alunado. 
 
                       
            As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. Considerando a modalidade da Educação de Jovens e Adultos, por exemplo, o AEE possibilita a ampliação da escolarização, o incentivo para a formação e inserção no mercado do trabalho e a participação efetiva dos alunos com deficiência na sociedade.
Segundo Prietto (2005, p.40):
 
[...] na inclusão escolar o objetivo é tornar reconhecida e valorizada a diversidade como condição humana favorecedora da aprendizagem. Nesse caso, as limitações dos sujeitos devem ser consideradas apenas como uma informação sobre eles que, assim sendo, não podem ser desprezadas na elaboração dos planejamentos de ensino. A ênfase deve recair sobre a identificação de suas possibilidades, culminando com a construção de alternativas para garantir condições favoráveis à sua autonomia escolar e social, enfim, para que se tornem cidadãos de iguais direitos.
 
Para Maria Tereza Eglér Mantoan (2006), apesar das resistências quanto a inclusão dos alunos na escola regular, o número de adesões tem crescido nas redes de ensino, através do comprometimento de professores, pais, escolas e de instituições dedicadas ao processo de inclusão de pessoas com deficiência. A autora destaca que deve-se fazer valer o direito de todos a educação regular e que cabe a escola encontrar soluções que possibilitem o acesso e a permanência dos alunos na escola regular. Um destes caminhos para a busca de soluções é a intermediação realizada pelo Atendimento Educacional Especializado através das salas de recursos multifuncionais.
 
 
3 FUNÇÕES DO AEE DENTRO DA ESCOLA REGULAR
 
 
Com a inclusão dos alunos oriundos das classes especiais houve também a implantação gradativa das salas de recursos multifuncionais e concomitantemente ocorre a formação dos professores responsáveis por estas salas. Esta nova forma de entender e atender a educação especial dentro da escola regular tem gerado dúvidas quanto as funções a serem desenvolvidas no AEE.
Para regulamentar estas funções a Resolução nº4 do Conselho Nacional de Educação – Câmara de Educação Básica, de 2 de outubro de 2009, através do artigo 2 estabelece que:
 
O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem.
 
De acordo com esta resolução, o AEE tem a intenção de diminuir o distanciamento que a deficiência do aluno possa gerar. Para que ele alcance o efetivo aprendizado e o acesso à Educação Básica, o professor do AEE:
 
[...] identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas.
[...] disponibiliza programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva, dentre outros. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum.
 
 
A função dos centros de AEE na Rede Municipal de Joinville é a de ofertar este atendimento de forma não substitutiva à escola regular ao público-alvo da educação especial, sempre em horário de contraturno ao ensino regular. Ao mesmo tempo organizar e disponibilizar recursos materiais didáticos e atendimentos pedagógicos e de acessibilidade que vá de encontro com as necessidades educacionais específicas de cada aluno. Cabe aos profissionais do AEE em parceria com as escolas de ensino regular, promover o suporte necessário para favorecer a participação e aprendizagem dos alunos nas classes comuns, buscando na medida possível a igualdade de condições com os demais alunos.
APolítica Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, oSEESP/ MEC (2008), orienta as diversas atividades e funções do AEE dentro da Escola Regular e destaca a importância da Identificação das necessidades e elaboração do plano de atendimento, das quais poderão ser observadas: a identificação de necessidades específicas do aluno com deficiência, quais os resultados desejados, as habilidades do aluno, os materiais e equipamentos existentes na escola e os que serão necessários.
O profissional do AEE juntamente com o professor da sala de aula regular irá observar qual a forma de aprendizado do aluno com deficiência ou altas habilidades e procurará buscar soluções para adequação e adaptação do material a ser utilizado pelo aluno para que este possa acompanhar de maneira mais efetiva o conteúdo ministrado pelo professor em sala de aula.
            A organização e o tipo de atendimento serão verificados pelo professor do AEE para que seja considerado o número ideal de atendimentos a serem realizados com o aluno com deficiência. Sendo assim o professor poderá e providenciar com antecedência a produção do material e sempre que necessário, transcrever, adaptar, confeccionar, ampliar, gravar entre outras ações, para suprir as necessidades do aluno. É importante que o professor do AEE esteja atento e solicite e indique a aquisição de materiais tais como: softwares, recursos e equipamentos tecnológicos, mobiliários recursos ópticos, dicionários e outros que se fizerem necessários para o atendimento.
            O acompanhamento do uso destes recursos em sala de aula deverá verificar a funcionalidade e a aplicabilidade do recurso, assim como perceber qual o impacto exercido sobre a aprendizagem do aluno. Desta forma eventuais distorções poderão ser corrigidas possibilitando um melhor aproveitamento tanto na sala do AEE, como na sala de aula comum e em casa. O professor do AEE poderá orientar e ensinar a aplicação dos recursos, materiais e equipamentos disponibilizados aos alunos, pais e professores nas salas de aula do ensino regular, ou mesmo de equipamentos e dispositivos que o aluno poderá utilizar em casa.
 
 
3 PÚBLICO ALVO
 
 
            A implantação das salas de Recursos Multifuncionais e do AEE é algo novo e não foi devidamente esclarecido para a comunidade escolar quanto ao público a ser atendido. É comum os professores encaminharem alunos com dificuldades de aprendizagem em alguma área específica ou várias para que o aluno receba o AEE. Vale ressaltar que as salas de apoio e de recuperação, são projetos distintos e não contemplam o público do AEE.
Para que o professor do AEE possa identificar a demanda dos alunos com deficiência ou altas habilidades na Rede Municipal de Ensino, Ana Paula Santi (2010, s.p.) salienta que:
 
O profissional é responsável por avaliação dos alunos sob o ponto de vista pedagógico quando o professor de sala de aula regular encaminha, baseado numa queixa ou em uma observação de talento "extraordinário" do aluno. O profissional investiga o aluno e solicita outras avaliações da área clínica para colaborarem com sua avaliação e a partir do parecer do profissional o encaminhamento que julga mais adequado para atender as necessidades específicas apresentadas no parecer.
 
            De acordo com Resolução CNE/CEB 4/2009 o público-alvo do Atendimento Educacional Especializado são:
I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial.
II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação.
III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade.
 
 
4 SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS
 
 
            Com objetivo de fortalecer o processo de inclusão na escola regular, bem como orientar e apoiar as escolas da rede pública de ensino, no processo de organização e ampliação da oferta do AEE, o Ministério da Educação instituiu o Programa de Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais, por meio da Portaria Nº. 13, de 24 de abril de 2007:
 
Art. 1º Criar o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais com o objetivo de apoiar os sistemas públicos de ensino na organização e oferta do atendimento educacional especializado e contribuir para o fortalecimento do processo de inclusão educacional nas classes comuns de ensino.
 
Parágrafo Único. A sala de recursos de que trata o caput do artigo 1º, é um espaço organizado com equipamentos de informática, ajudas técnicas, materiais pedagógicos e mobiliários adaptados, para atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos.
 
            As salas de recursos multifuncionais estão sendo implantadas gradativamente nas escolas da Rede Municipal de Joinville e dispõem de um espaço destinado ao atendimento educacional especializado para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
O MEC através do Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais (2008) tem como objetivo colocar a disposição através dos sistemas públicos de ensino, equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de acessibilidade, com vistas a apoiar a ampliação da oferta do atendimento educacional especializado - AEE.
Os espaços escolhidos para o AEE e a implantação das salas Recursos Multifuncionais de acordo com Política de Educação Especial, na Perspectiva Inclusiva (SEESP/MEC; 01/2008):
 
O AEE é realizado no período inverso ao da classe comum frequentada pelo aluno e, PREFERENCIALMENTE, na própria escola desse aluno. Há ainda a possibilidade de esse atendimento acontecer em uma outra escola próxima.
 
Estas salas são designadas de Tipo I e II, e são constituídas de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos pedagógicos, conforme quadro abaixo:
 
 
Nº de Ordem
SRM TIPO I - Especificação  
01
Microcomputador com gravador de CD, leitor de DVD e terminal
02
Monitor de 32” LCD
03
Fones de ouvido e Microfones
04
Scanner
05
Impressora laser
06
Teclado com colmeia
07
Mouse com entrada para acionador
08
Acionador de pressão
09
Bandinha Rítmica
10
Dominó
11
Material Dourado
12
Esquema Corporal
13
Memória de Numerais
14
Tapete quebra-cabeça
15
Software para comunicação alternativa
16
Sacolão Criativo
17
Quebra-cabeças sobrepostos (sequência lógica)
18
Dominó de animais em Língua de Sinais
19
Memória de antônimos em Língua de Sinais
20
Conjunto de lupas manuais (aumento 3x, 4x e 6x)
21
Dominó com Textura
22
Plano Inclinado – Estante para Leitura
23
Mesa redonda
24
Cadeiras para computador
25
Cadeiras para mesa redonda
26
Armário de aço
27
Mesa para computador
28
Mesa para impressora
29
Quadro melanínico
Tabela 1 - Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais – 2008.
 
 
            As Salas de Recursos Multifuncionais – Tipo II recebe o acréscimo de recursos e materiais didáticos e pedagógicos, especialmente voltados para alunos cegos ou com deficiência visual, conforme descrição abaixo:
 
 
Nº de Ordem
SRM TIPO II - Especificação 
01
Impressora Braille
02
Máquina Braille
03
Lupa Eletrônica
04
Reglete de Mesa
05
Punção
06
Soroban
07
Guia de Assinatura
08
Globo Terrestre Adaptado
09
Kit de Desenho Geométrico Adaptado
10
Calculadora Sonora
11
Software para Produção de Desenhos Gráficos e Táteis
Tabela 2 - Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais – 2008.
 
            A escolha do tipo de sala que será implantada em cada escola é definida pelo MEC baseada nos relatórios enviados pela escola, de acordo com a necessidade dos alunos e o tipo de deficiência que eles possuem.
 
 
5 PROFESSOR DA ESCOLA REGULAR E O PROFISSIONAL DO AEE
 
 
Para Mantoan (2011, s.p.) falar sobre inclusão é acima de tudo falar sobre modernidade e inovação, e isto inclui o professor da escola regular. Ao listar uma série de mudanças que devem ocorrer na escola e também no profissional do AEE poderão ser observados:
 
 
O princípio democrático da educação para todos só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os alunos, não apenas em alguns deles, os alunos com deficiência. A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os alunos provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.
 
            Ao contemplar o preparo dos professores do AEE, Prietto (2005, p.58) enfatiza que este deve estar atento aos alunos com deficiência e:
 
 
Assim, os professores devem ser capazes de analisar os domínios de conhecimentos atuais dos alunos, as diferentes necessidades demandadas nos seus processos de aprendizagem, bem como, a partir, pelo menos, dessas duas referências, elaborar atividades, criar ou adaptar materiais, além de prever formas de avaliar os alunos para que as informações sirvam para retro-alimentar seu planejamento e aprimorar o atendimento aos alunos.
 
Os professores responsáveis pelo AEE e pelo ensino regular devem ter em mente que uma das competências esperadas para manejarem suas classes é o respeito às diferenças individuais de cada aluno, bem como as implicações pedagógicas para a elaboração do planejamento e para a implantação de propostas de ensino e de avaliação da aprendizagem, que atendam as necessidades específicas dos alunos. O plano de formação deve servir como uma ferramenta para que os professores se tornem aptos ao ensino de toda a demanda escolar independentemente dos alunos serem considerados “normais” ou deficientes.
Prietto (2005) salienta que os conhecimentos sobre o ensino de alunos com necessidades educacionais especiais não podem ser de domínio apenas de alguns “especialistas”. Mas deve ser de conhecimento do maior número possível de profissionais da educação. Lamentavelmente ao considerarmos que o atendimento dos alunos com deficiência e altas habilidades em classes do ensino regular é uma determinação privilegiada nos últimos anos, são poucos os professores dos sistemas de ensino com alguma familiaridade teórica e prática sobre o assunto.          Apesar de o assunto ser amplamente divulgado pouco tem mudado de forma prática para os professores pois muitos deles, quando completaram seus estudos para o exercício do magistério, não tiveram acesso a esses conhecimentos. Muitos dos estudos voltados a alunos com deficiência eram tratados em estudos complementares, geralmente voltados em habilitações do curso de Pedagogia. 
             Segundo o texto da Política de Educação Especial, na Perspectiva Inclusiva (2008), o professor que vai atuar na Educação Especial deve ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área. Entre estes poderão ser desenvolvidos:
- LIBRAS;
- Língua Portuguesa para alunos com surdez;
- Sistema Braille;
- Informática aplicada à produção braille;
-Recursos tecnológicos e informática aplicada à deficiência visual (sintetizadores de voz, lupas eletrônicas, magnificadores de tela para baixa visão);
- Produção braille e adaptação de material impresso em tinta;
- Recursos ópticos e não ópticos para baixa visão;
- Técnica de uso do sorobã;
- Adaptação de livros didáticos e de literatura para pessoas cegas;
- Avaliação funcional da visão;
- Orientação e mobilidade para pessoas cegas;
- Escrita cursiva, grafia do nome e assinatura em tinta para pessoas cegas;
- Tecnologia Assistiva: comunicação alternativa, informática acessível, materiais pedagógicos adaptados, mobiliário acessível;
- Instrutor de LIBRAS;
- Desenho universal;
- Comunicação para o aluno surdo-cego;
- Outras.
Os professores responsáveis pelo AEE e pelo ensino regular, devem ter em mente que uma das competências esperadas para manejarem suas classes é o respeito às diferenças individuais de cada aluno, bem como as implicações pedagógicas para a elaboração do planejamento e para a implantação de propostas de ensino e de avaliação da aprendizagem, que atendam as necessidades específicas dos alunos. O plano de formação deve servir como uma ferramenta para que os professores se tornem aptos ao ensino de toda a demanda escolar independentemente dos alunos serem considerados “normais” ou deficientes (MANTOAN, 2006).
 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS - PERSPECTIVAS PARA O FUTURO PARA O ALUNO E PARA O PROFESSOR
 
 
 Cabe à escola, ao professor, e a toda comunidade escolar planejar e adequar as suas ações pedagógicas, tendo como ponto de partida o aluno com as suas necessidades e especificidades, e a forma como ele desenvolve seu processo de apreensão e construção do conhecimento, ultrapassando a ideia de que a classe do ensino regular é mero espaço de socialização, para que estas possam tornar-se espaços inclusivos e local de aprendizagem de todos.
Portanto, o AEE tem o propósito de atender as necessidades (peculiaridades) advindas das deficiências, transtornos globais do desenvolvimento ou ainda altas habilidades que este aluno possa ter, para melhor integração deste aluno em sala de aula, e os conteúdos escolares, bem como servir como um mediador do conhecimento através dos recursos disponibilizados na sala de Recursos Multifuncionais.
            O objetivo do AEE está longe da perspectiva de que a inclusão escolar torne-se apenas uma expressão empregada como senso comum, e como se significasse apenas matricular alunos deficientes/diferentes em uma classe do ensino regular, o alvo é assegurar o direito a aprendizagem de todos os alunos.
            Espera-se que o processo de inclusão e as ferramentas utilizadas para isso, não sejam apenas o privilégio de alguns professores, alunos ou escolas que estão caminhando isoladamente para atingir esse objetivo.
            Sem pretensão alguma de encerrar o tema, o objetivo deste artigo foi uma tentativa de organizar algumas reflexões e esclarecimentos que viessem trazer luz à algumas dúvidas que têm cerceado a inclusão escolar e especialmente o Atendimento Educacional Especializado e a necessidade das salas de Recurso Multifuncional.
            Vale lembrar que a inclusão é um processo contínuo e caminha muitas vezes com passos lentos ou largos, mancando ou correndo velozmente, com muletas ou cadeira de rodas, sem ouvir ou ver o que se passa a sua volta, percebendo o mundo através das imagens ou na ponta dos dedos, mas acima de tudo percorrendo uma trajetória que espera-se seja irreversível, fazendo-se presente na sociedade e suscitando a verdadeira essência do nosso ser: a humanidade.
 
7 REFERÊNCIAS
 
BRASIL. Resolução CNE/CEB 4/2009. Diário Oficial da União. Brasília, 5 de outubro de 2009, Seção 1, p. 17.
 
______. Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais – 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14187:programa-de-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-2008&catid=192:seesp-esducacao-especial. Acesso em: 15 set. 2011.
 
MANTOAN, Maria Teresa; PRIETO, Rosângela; ARANTES, Valéria Amorim. (Org.). Inclusão escolar. Pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2006.
 
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Todas as crianças são bem-vindas à escola. Disponível em: http://www.pro-inclusao.org.br/textos.html. Acesso em: 17 set. 2011.
 
PREFEITURA MUNICIPAL DE JOINVILLE. Secretaria de Educação. Quem somos. Disponível em: htpp://cidadedoslivros.com/site/quem-somos. Acesso em: 11 set. 2011.
 
______. Secretaria de Educação. Supervisão na Área da Educação Especial. Disponível em:htpp://cidadedoslivros.com/site/supervisão-na-area-da-educacao-especial.
 
RAMOS, Paulo. Educação Inclusiva: Histórias que (des) encantam a Educação.Blumenau: Odorizzi, 2009.
 
RAMOS, Paulo; RAMOS, Magda Maria. Os Caminhos Metodológicos da Pesquisa: da Educação Básica ao Doutorado.Blumenau: Odorizzi, 2009.
 
RAMOS, Rossana. Passos para a Inclusão. São Paulo: Cortez, 2005.
 
SANTI, Ana Paula. Atendimento Educacional Especializado Sala de Recursos Multifuncional. Disponível em: http://sites.google.com/site/aeeescolaanitagaribaldi/aee-e-sala-de-recursos-multifunc. Acesso em: 19 set. 2011.
 
WERNECK, Cláudia. Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva. Rio de Janeiro: WVA, 1997.