UM NOVO OLHAR UNIVERSAL

Autor: Paulo Ramos

 

 

UM NOVO OLHAR UNIVERSAL
 
 
GREIDER, William. O mundo na corda
 bamba. São Paulo:Geração editorial,1998.
 
 
A universalização é uma máquina veloz, sem combustível, portanto, sem controle, que por onde passa gera riqueza e causa destruição. Para o jornalista americano William Greider, autor do livro de “O mundo na corda Bamba”, é possível controlar essa máquina e evitar o destino sombrio que, em sua opinião, se avizinha caso o capitalismo não seja posto a serviço da humanidade.
Greider (1998) reconhece certo caos criativo em todas as transformações pelas quais vem passando a humanidade em seu processo de universalização, que deu ao capital financeiro, impulsionado pelo enorme desenvolvimento das telecomunicações, o poder de pulverizar moedas, de investir contra nações inteiras a ponto de derrubar muros ideológicos sem se importar com as conseqüências. O autor é um liberal e é no próprio caos que ele descreve e deposita suas esperanças de um novo olhar universal capaz de deter a fúria da máquina descontrolada.
 
Apesar da flexibilidade e força, as multinacionais são, isoladamente, inseguras. Até mesmo os mais robustos gigantes industriais são muito vulneráveis e fracassam em se adaptar aos imperativos da redução de custos e da melhoria nas taxas de retorno. Por trás das fachadas das multinacionais existe uma genuína angústia. O capital financeiro tem seus princípios transparentes e puros: aumentar ao máximo o retorno do capital sem se importar com a identidade nacional ou com as conseqüências políticas e sociais. (GREIDER, 1998, p. 203).
 
Uma nova ética ambiental acredita, deve surgir para desatar o nó do dilema imposto pelo capitalismo, que, por um lado, promete fartura para todos e, por outro, esconde sua sujeira debaixo do tapete.
“O sistema global de finanças e comércio está numa corrida desesperada contra a história, mergulhando de cabeça em suas mais terríveis contradições levando o mundo todo com ele.” (GREIDER, 1998, p. 179).
Greider imagina o efeito terrível que políticas industriais mais responsáveis poderiam ter sobre a vida do cidadão comum se, antes, não houver uma distribuição mais eqüitativa da renda.
Ter um planeta habitável no futuro, portanto, é uma tarefa política tanto quanto tecnológica que só entrará na agenda de discussões políticas de maneira mais séria quando as sociedades mais avançadas compreenderem sua real necessidade e exigirem maior distribuição de renda.
Tudo leva a crer, porém, que o embrião dessa mudança de mentalidade já está se desenvolvendo. A reciclagem de lixo, o aumento da consciência ecológica e algumas ameaças mais tangíveis, como inundações de clima e aumento da criminalidade são alguns dos componentes dessa transformação.
Contudo, a consciência de quem somos é o primeiro passo. Também é necessário o entendimento do mecanismo que está na origem de todos os chamados problemas ambientais: o da tragédia dos comuns, ou seja, situações onde o benefício é individualizado mas o prejuízo é coletivizado. Para reverter essa situação, um caminho promissor é tornar nossas próprias vidas instrumentos de um mundo melhor, a cada pequena escolha cotidiana que envolva consumo. Isto porém pode não ser suficiente, pois cabe não confundir “ambientalismo” com “conservação”. Para que a luta da conservação tenha sucesso, o foco - conservar para quem – precisa estar imensamente claro.
 
Paulo Ramos
Professor-autor