INESQUECÍVEL: BOM OU MAU MOMENTO NA ESCOLA?

Autora: Angela Christina Patitucci

 INESQUECÍVEL: BOM OU MAU MOMENTO NA ESCOLA?

 
 
RAMOS, Paulo. Como Tornar uma Escola Inesquecível
na Metadisciplinaridade? Blumenau: Odorizzi, 2010.
 
 
O autor apresenta em sua obra a proposta de como tornar uma escola inesquecível na perspectiva da metadisciplinaridade. Primeiro busco o sentido de inesquecível que é a palavra que traduz em todos os idiomas o inolvidável, memorável ou rememorável enfim traduz algo que marca impregna. Espera-se sempre que as memórias tenham conotação de prazer e felicidade mas, o inverso também é real. Quando utilizamos o termo inesquecível para a escola esperamos que as lembranças tenham cunho de qualidade, compromisso e porque não, de alegria e prazer. E como referência a metadisciplinaridade temos um novo conceito de educação integral, holística, que amplia o conhecimento para além da fragmentação e compartimento estanques das décadas de especializações que sofreu a escola. A qualidade da escola inesquecível na metadisciplinaridade então, está vinculada diretamente ao planejamento, à formação inicial e continuada do professor, à qualidade e variedade do conhecimento, à flexibilidade da avaliação democrática, à construção de grades curriculares significativas e à promoção da  inclusão.
Ramos discorre em seis capítulos sobre a organização da escola dentro da teoria metadisciplinar. Os capítulos abordam os temas que fundamentam a teoria; planejamento, formação, avaliação, inclusão, qualidade e conclui com felicidade. O autor propõe a teoria como fator aglutinador de todos os fatos e ocorrências da realidade escolar, para Ramos a metadisciplinaridade vai para além da simples escolaridade acadêmica de produção ou reprodução de conhecimentos. Nesta visão o planejamento ético, coletivo, significativo terá o envolvimento de todos os atores do espaço educacional-escolar. O planejamento nesta perspectiva demanda autonomia, liberdade, democracia e compromisso com a comunidade e com o coletivo. Resumindo, o ato de planejar se preocupará com as questões de quem somos, onde estamos, para onde vamos e qual caminho nos levará aos nossos objetivos.
Do planejamento seguimos para a formação do professor na perspectiva metadisciplinar, que pede uma formação inicial sólida e bem estruturada seguida de formação continuada por ser o professor responsável pelo fazer pedagógico que tornará possível a construção da escola inesquecível. Mas além da formação puramente acadêmica o novo professor deve ser um profissional compromissado com a prática educacional, com a ética, e com os movimentos sociais. Deve ser um profissional apto a evoluir com a sociedade da qual ele faz parte.
A formação do professor será essencial para que este acompanhe as mudanças de enfoque na avaliação que, na visão tradicional é mais ou menos um julgamento que apresenta as falhas do avaliado ou seja, o aluno.
Na metadisciplinaridade a avaliação é um instrumento rico que propiciará aos educadores materiais para repensar práticas através das questões: quem avaliamos, o que avaliamos, para que avaliamos e como avaliamos. Assim, apresentamos a avaliação diagnóstica formativa, que por sua vez instigará avaliadores a autocrítica, aperfeiçoamento, momentos de reflexões positivas e enriquecimento institucional. Posto que o planejamento nesta perspectiva é coletivo e para todos os envolvidos e a avaliação visa a formação permanente e não diagnóstico de exclusão a inclusão de fato é o caminho natural desta escola para todos que já existe de direito pelos documentos internacionais e leis nacionais.
A visão epistemológica metadisciplinar supera as questões históricas de exclusão pela mudança de paradigmas que agora pensa em todos os educandos que não se beneficiam com a escolarização por várias outras razões que não as grandes variedades de deficiências em si mesmas. A escola na metadisciplinaridade acolhe a todos, dá o ingresso e promove a permanência de qualidade.
Não prática a inclusão pró-forma, ela realmente inclui. Sobre o quesito qualidade, esta perspectiva entende que esta acontece na educação quando ela atinge a totalidades das metas propostas desde o planejamento, currículo, inclusão e avaliação. Neste patamar de qualidade esta incluída a valorização profissional do educador desde sua formação inicial, formação continuada, estágio probatório com tutoria e possibilidade expansão funcional. O autor conclui que uma vez obedecidos todos os pressupostos da metadisciplinaridade a escola que dela surge só pode ser fonte de felicidade para todos os envolvidos: professores, alunos e comunidade. A cultura da alegria faz parte do crescimento pessoal e profissional. Concluindo, para Ramos a escola inesquecível é a escola que construída nos pilares da metadisciplinaridade – planejamento, formação docente, avaliação, inclusão e qualidade promove a cidadania e a felicidade dos envolvidos no processo.
Como enquadrar um projeto desses dentro dos parâmetros burocráticos e das propostas federais, estaduais e municipais que engessam até nossos pensamentos? Esta pergunta fica no ar para próximas discussões.
     
                                     Angela Christina Patitucci
                                                 Barra Velha