O ESTRESSE EMOCIONAL NA EDUCAÇÃO: UMA INFLUÊNCIA DIRETA NA PRÁTICA DO PROFESSOR

Autora: Kátia Milena Paulina Lougon

 O ESTRESSE EMOCIONAL NA EDUCAÇÃO: UMA INFLUÊNCIA DIRETA NA PRÁTICA DO PROFESSOR

 
Kátia Milena Paulina Lougon
Ms. Leomar Kieckhoefel
 
RESUMO
 
Esta pesquisa foca o Estresse Emocional direcionado ao professor no seu desempenho profissional visando sua conduta relacional na sala de aula e inserido no seu cotidiano pessoal. Tema delicado pois é voltado para o adulto, no caso o professor, e não a criança que é o foco  da preocupação social e pedagógica. Contudo, se relevarmos o ditado que diz “Um cego não pode guiar outro cego”, surgem  perguntas: Como o professor vai dar condições emocionais as nossas crianças, se não tem em boa parte deles mesmo, esse equilíbrio? A culpa é do professor? É responsabilidade social? Os gestores têm parte neste ajuste emocional? Nossas crianças realmente precisam deste equilíbrio? Como questões referenciais da pesquisa constam alguns anos de  experiência na educação, muita leitura sobre a importância da emoção, a convivência com os docentes, no diálogo informal e a observação “entre linhas” das consequências emocionais que vão marcando o cotidiano do educador que muitas vezes passam desapercebido por ele, mas traz consequências  fisiológicas e sociais abrangentes com implicações que poderão ser positivas ou negativas para suas vidas.  A cada ano observo mudanças comportamentais nas novas gerações. Os professores quase que automaticamente vão se adaptando, além de estar em constantes adequações profissionais para corresponder de forma satisfatória a qualidade de ensino. Hoje, graças ao progresso temos alunos, do projeto de inclusão; deficientes visuais, intelectuais, mudos, cadeirantes, e ainda temos os hiperativos, os sem limites, os desnutridos, os supernutridos, os menos inteligentes os mais inteligentes, os cinestésicos e a lista segue como desafios constantes para o educador e ainda sim precisamos manter o bom nível de ensino. A proposta com o tema em questão, através da prática e pesquisa bibliográfica, é despertar a atenção para esta área tão melindrosa e difícil de ser abordada; O Estresse Emocional do professor.
 
 
Palavras-chave: Família. Formação Emocional. Professor. Educação.
 
1 INTRODUÇÃO
 
 
Muito se fala nas soluções para a escola e no que deveria ser feito, mas enquanto isso, o professor é que fica lá sozinho, diante dos alunos, sem que lhe tenham dito como agir.
 
Norman Atkins
 
 
 
A escolha da presente temática se justifica pelo meu interesse na saúde interior do professor! Ou seja, o seu emocional. Compreendo que a busca do conhecimento é fundamental, mas como dizer do autoconhecimento, e depois de se conhecer, como efetuar as mudanças? Emoções como: amor, ódio, calma, raiva, desapego, inveja, altruísmo, orgulho, paciência, irritação, bondade, maldade, alegria, tristeza... Como lidar com as emoções de forma positiva?
Em minha vivência como sujeito participante da educação, ressalto através da  observação do cotidiano letivo, a importância  das adequações profissionais, os ajustes legais, as novas metodologias, as mudanças sociais, a multidiversidade, etc., que vão acontecendo e sendo absorvidas pelo profissional da educação, como parte  na evolução da educação, porém estamos engatinho nas questões emocional. (CURY, 2011). A pergunta é: e o lado emocional do professor? E como ficam os alunos nesta mesma linha de pensamento? E a participação da família como parte importante no aspecto formação da cidadania? Ela está bem emocionalmente para conduzir seus filhos? Onde vamos chegar se não considerarmos esta questão tão delicada? Será que títulos, pós graduações, mestrados, doutorados, estão nos tornando melhores? Como somos tratados pelos nossos superiores e como tratamos nossos alunos? Creio que somos o verbo de ligação do conhecimento, mas se refletirmos o meio, como agir de forma a respeitar o lado mais nobre do ser humano, a emoção? Valorizar e formar um indivíduo maduro emocionalmente, cônscio de suas responsabilidades, para somar com o desenvolvimento autônomo e social, se muitas vezes, não somos respeitados, ou até mesmo não respeitamos, ou não nos fazemos respeitar, ou tudo isso junto.
Minha proposta é uma análise sobre como a emoção influencia o professor como mediador do ensino, e não uma solução. Seria presunção pensar em um resultado concreto para algo totalmente abstrato. Como atenuar a carga que pesa sobre os professores de base, que os “estudiosos” sobrecarregam os que “supostamente” estão reciclando, com sugestões relevantes para melhorar o ensino, entretanto, precisamos rever com carinho o peso emocional sobre  o educador que está ficando cada dia mais doente emocionalmente. A regra áurea, você só pode dar o que tem. Portanto, para se passar equilíbrio emocional é preciso tê-lo.
Nessa ótica, a pesquisa desenvolvida é de cunho bibliográfico, balizada em renomados autores que estudam e buscam compreender o professor como pessoa e profissional, a partir de uma perspectiva holística, revelando que o mesmo precisa cuidar da sua intelectualidade bem como do seu lado emocional, pois esses contextos se conjugam e nos formam, cada um a partir do seu fio histórico e da sua subjetividade.
 
 
2 O EMOCIONAL PERMEIA TODA VIDA
 
 
A emoção é a válvula que propulsiona a vida de todo o ser vivo. Ela aparece no pulsar forte do coração, no frio na barriga, com o enrubescer do rosto, com o “ferver o sangue na veia”; raiva, ou simplesmente o levitar dos pensamentos; paixão. Os seres racionais estão descobrindo recentemente a importância do lidar com esse lado tão difícil de ser explorado mas de grande importância, num mundo acelerado no processo de crescimento tecnológico, culturais e sociais, onde as pessoas estão esquecendo do ser e passam a investir no ter. Já os animais têm como comunicação natural a emoção, onde aparece como instinto: Quando são surpreendidos fogem de medo; quando protegem a prole demonstram amor filial; quando o bando se une para perseguir uma presa ou se proteger evidenciam amor fraternal. Eles seguem o curso do instinto, as emoções permitem que eles sobrevivam a despeito de toda a modernidade. Suas emoções fluem dependendo da válvula apertada, eles ainda mantem suas emoções na forma mais primitiva.
No livro Neurociência da Mente e do Comportamento (LENT, 2008) no capítulo Processamento Emocional no Cérebro Humano, os autores relatam que é difícil definir a emoção, no entanto eles aludem que do ponto de vista biológico, a emoção pode ser definida como um conjunto de reações químicas e neurais no ser humano. As respostas a essas emoções são bem variadas, sendo mais subjetiva e pode ser transformado em uma experiência única. Observam também a importância pertinente ao equilíbrio do cidadão de bem a partir de alterações na estrutura cerebral.
A emoção é extraordinária! Ela permeia toda esfera humana de forma tão intrínseca, que parece até sem relevância. Contudo, a gente observa um mundo cada vez mais doente emocionalmente. Os seres racionais, do século XXI, começam a perceber os efeitos desta perda da compreensão emocional. Na escola não e diferente! Precisamos hoje, de mais tolerância, paciência, altruísmo. Os estudiosos voltam-se para essa questão, pois os desenvolvimentos industriais, intelectuais, tecnológicos e culturais deixaram um vácuo no lado mais nobre do ser humano que é a demonstração de sua sensibilidade nos relacionamentos. Por conta disso, a gente lê frases de efeito, recebe e-mails falando sobre como tratar o semelhante, como dar e receber, mas na prática a realidade é outra. O mundo está vivenciando um caos de carências. Imagine esse problema em sala de aula, explodindo nas mãos do professor?
 
 
3 A FAMÍLIA NA FORMAÇÃO EMOCIONAL
 
         
            Focar o papel da família na formação básica da criança. Quando esse filho vai para escola, como a família poderá ajudar nas transformações que ocorreram em sua vida. O que será somado ou diminuído, quanto ao valor emocional?
          Por mais que se faça campanhas para ter uma boa estrutura familiar, a maioria delas estão perdendo o foco da educação do ”ser” dos filhos por contas das necessidades materiais básicas ou não do “ter”! Algumas famílias exageram outras negligenciam no cuidado com os filhos, o desequilíbrio fica claro, este desequilíbrio permeia todo o desenvolvimento emocional da criança até a fase adulta.
          No livro Inteligência Emocional, Golemam (1995, p.204) comenta:
 
Há centenas de estudos que demonstram que a forma como os pais tratam os filhos--- se com rígida disciplina ou empatia compreensão, indiferença, etc. - tem consequências profunda e duradoura para a vida afetiva da criança... A maneira que um casal lida com seus sentimentos - além do trato direto com a criança - passa poderosas lições para seus filhos, que são aprendizes astutos sintonizados como os mais sutis intercâmbios emocionais da família.
         
          A criança é um ser emocional. Estudos atuais demonstram que a maturidade básica do cérebro está sempre em evolução, e deverá  estar quase concluída aos sete anos de idade com 95% do volume saudável! Segundo Golemam (1995), o pai é responsável pela estrutura emocional, e a mãe a moral! Quanta responsabilidade pesa sobre as famílias, que negligentemente estão jogando para a sociedade esse dever, que acaba caindo nas mãos dos professores. Toda a base emocional vem dos primeiros três anos de vida! Como nossas famílias estão fragilizadas! Por falta de conhecimento, ou até mesmo depois ao obtê-lo, não deixar que atue de forma transformar suas condutas!
          Quando a criança chega a escola, percebe um novo mundo! Um ambiente novo, pessoas diferentes, os pais já deveriam estar preparando os filhos para essa nova etapa! É estressante para o professor, que a maioria dos alunos, hoje, chega na escola sem um preparo emocional adequado; alguns apresentam falta de limites,  vários distúrbios emocionais, agora temos também os alunos inclusos tornando a escola um ambiente de metadiversidade.  A realidade é dura, o que é dado de infraestrutura para o professor trabalhar e conciliar todas essas diferenças é mínima, quase um milagre o professor conseguir produzir alguma coisa, o que poderia ser um sucesso para o bem comum, estoura nas mãos do professor, como um desafio constante de superação de limites, isso, para os professores interessados em fazer o melhor, pelo menos conseguir alguma qualidade no ensino. Os professores seriam poupados de muitos infortúnios se os pais fizessem a parte deles ensinando os filhos a pensar e obedecer por princípio e não por coerção. Cury (2003) enfatiza a importância dos pais a levar os filhos a uma reflexão, e nesse momento eles podem mutuamente estar se auto-educando. As mudanças interiores são dolorosas, e poucos estão dispostos a passar por esse processo, para educar os filhos e consequentemente contribuir para a construção de uma sociedade mais qualitativa.
 
4 O PROFESSOR E A EMOÇÃO
 
 
            O papel do professor nesta nova etapa. O autoconhecimento e sua importância. Como a emoção atua, as marcas negativas e positivas, e como tirar proveito das duas.
          Sou professora de Educação Física para todas as séries há 16 anos; 9 anos em escola privada onde dei aulas para todas as séries, inclusive o Ensino Médio e os últimos 7 anos em escola pública municipal, para alunos do Ensino Fundamental tendo o conhecimento de forma mais homogênea de todo o desenvolvimento pedagógico, didático e físico dos alunos em todas as fases. E convivo com os professores como coparticipantes desse processo. Nessa convivência observo os professores nos nossos momentos de interação, fui captando essas dores. Troco informações sobre esse ou aquele aluno, e percebo nas entre linhas como a sociedade está massacrando o emocional do professor. Um amigo empolgado para fazer o seu melhor no trabalho, durante uma aula para a turma de sétima série, preparou um circuito de treinamento físico, que consistia em, correr, pular corda, fazer abdominal e correr entre os cones  em zig-zag, uma garota ao percorrer o circuito se machucou num acidente que poderia acontecer em qualquer situação principalmente em atividade física; então um coleguinha dela partiu para cima dele com o dedo apontando e gritando: A culpa foi sua professor! Ele conta que ficou sem reação por alguns segundos, ao que respondeu que não podia ser responsabilizado por um acidente de percurso até mesmo previsto para uma atividade como esta. Veja como fica o estado emocional desse profissional! Segundo o que ele me contou, foi como se jogassem um balde de água fria em seu fervor pelo bom desempenho dos seus educandos. Uma outra professora, leciona para o primeiro ano, alunos com 6 anos de idade, turma com 24 crianças,  sem auxiliar,   um dos  alunos com problema  mental caiu na sala de aula e cortou a cabeça, foi chamada a mãe da criança, as providências foram tomadas, quando ela chegou em casa passou tão mal a ponto de vomitar! Outra professora devido a problemas de indisciplina, foi sabatinada na escola pelo gestor e pais, imagina uma professora de 47 anos, uma profissional experiente! Ficou tão emocionalmente abatida, quase não dormiu aquela noite  quando conseguiu descansar um pouco  urinou na cama! Em vídeo gravado por alunos mostram dois professores estressados, que por motivos aparentemente fúteis começaram a quebrar tudo! Um deles agrediu a própria colega pacificadora, o outro já tinha até pedido licença por problema de saúde e que lhe foi negado. (site g1.globo.com/jornal-hoje/2010/09/profesor-estressado/) Coisas que a gente ouve, vê e lê no dia a dia! Onde vamos parar! O emocional do professor é realmente relevante?
          Cury (2011), em seu livro a Fascinante Reconstrução do Eu, menciona que 90% dos professores estão com três ou mais sintomas de estresse profissional! E ainda por experiência percebo que a maioria está tomando algum tipo de medicação controlada! Ou o profissional se adapta às mudanças, que não são apenas a nível de formação educacional ou acabam se entregando ao desleixo como fuga, que também não é a solução.
          Conversando com meus colegas percebo, que alguns para manter o bom desempenho nas suas atividades desenvolveram estratégias para se protegerem. Desde a tomar medicação até a uma espiritualização. Mesmo assim em essência o bem maior que é  o Equilíbrio Emocional é passado desapercebido! Muitas vezes nem considerado, talvez por causa da cultura moderna que faz separação entre o sentimental, o racional e o intelectual, e deixando  pouco espaço para os relacionamentos interpessoais, dos afetos e das emoções. Entretanto Golemam (1995, p. 248) cita em seu livro Inteligência Emocional “Estamos privando milhões de crianças de competência e caráter moral”. Isso porque estamos negligenciando uma das partes mais nobres no aspecto do ser humano quanto professor, o lado emocional!
 
 
5 GESTORES ANTENADOS COM A EMOÇÃO
 
 
            Qual o papel dos responsáveis por fazer a “máquina” funcionar, respeitando esse lado tão nobre.
            O papel do gestor escolar é abrangente. Deve existir um equilíbrio entre as gestões, pois ela é comandada por um centro superior, seja organização administrativa privada, seja por comissão formada por uma política regente; como cargo de confiança. Temos então o núcleo escolar, os funcionários, professores e pais. Todos com o fim de fazer a “máquina” educacional funcionar. Nesta conduta totalmente adequada todos querem o bem comum do educando. Inovações curriculares, nova abordagem didática, promessas de apoio, mais escola para crianças, mais materiais, alimentação de “qualidade”... E o professor, mestre da sabedoria, absorve todas as mudanças, pois é o detentor do conhecimento, o adulto responsável por conduzir o saber girando em torno da regência administrativa. Sem perceber, os gestores têm aumentado as cobranças, criando expectativas e desafios sem precedentes que sobrecarregam os docentes. (TARDIF, 2006).
            Com isso a resposta emocional deste indivíduo sofre uma sobrecarga, provocando o estresse que o incapacita de gerir de forma equilibrada e imediata, questões de qualquer ordem! A culpa sempre é de quem? Do professor! Sim, pois é ele quem está ali na linha de frente representando todo o sistema.
             No livro Saberes Docentes e Formação Profissional Maurice Tardif (2006, p.116) faz uma observação pertinente da preocupação de boa parte dos estudiosos para o bom ensino, e com certeza, não é o empenho do professor, mas o que ele deve fazer ou deixou de fazer. Eis a citação do autor:
 
Constata-se, portanto, que a maioria das pessoas que se interessam pelo ensino fala sobretudo, e até exclusivamente, daquilo que os professores deveriam ou não deveriam fazer, ao invés de se interessar pelo que fazem realmente.
 
            Lidamos com a parte mais nobre da raça humana; nossas crianças, em sua  formação intelectual, moral e emocional. Hoje vemos através da reciprocidade de comportamentos agressivos entre professores e alunos, que o respeito está por um fio. E a culpa é de quem? Com certeza existem responsabilidades. Da Sociedade representada pela família, que por comodismo, falta de informação e etc., deixa estas questões nas mãos de terceiros; administradores  privados que visam o lucro e  dos governantes que só veem os votos, que também não deixa de ser por causa do lucro.  E o problema se arrasta até ao ponto em que os alunos e pais, chegam a agredir  professores. E no trabalho existe também um convívio de cobranças constantes por coisas aparentemente fúteis, mas que sobrecarregam o emocional do professor  que não pode se dar ao direito de ser ele mesmo.
            Assistindo ao vídeo postado no Youtube no mês de maio de 2011. A professora  Amanda Gurgel, do RN, faz um discurso ao Gestores que representam o  governo na educação daquele estado. O assunto é sobre o salário, pois naquela ocasião estavam em greve! Se observarmos bem, ela, em oito minutos e trinta segundos, sintetizou com tamanha propriedade as dores dos professores, não só por causa do salário, mas por toda a péssima qualidade de suporte que é colocado para o desempenho deste profissional! Ela cita sala superlotadas, falta de merenda, promessa de planos de carreiras jamais atendidas, nas dificuldades de locomoção desses profissionais, e acrescento; com alunos mal preparados emocionalmente sem suporte familiar, apresentando  desajustes  variados.
            Os alunos percebem muito bem onde está o problema, mas as mudanças não acontecem, continua tudo sempre..., do mesmo jeito. Eles também precisam de um ensino de qualidade mas não vão ter se o “maestro” do ensino não for considerado. Com carga horária compatível! Salários dignos, serem respeitados como profissionais, como seres humanos susceptíveis a erros, que também tem suas dores, suas famílias, as TPMs, pontuando, que a maioria dos profissionais da educação são mulheres, quase todas com carga dupla e até tripla de trabalho. E isso é problema de quem? Se não reconhecermos que todos trabalham para o bem comum, e como é frustrante, dar o máximo de si, e ter como retorno o mínimo, por causa da infraestrutura que não é dada; somando a estes desapontamentos, a desvalorização social onde cada vez mais, o educador se vê desmoralizado pelos que deveriam mais respeitá-los; os gestores, a comunidade que já foram alunos, e os próprios alunos!
            Augusto Cury, no seu livro a Fascinante Construção do Eu (2011) é enfático, ele afirma que precisamos conhecer o nosso eu, mapear nossos pontos frágeis, com humildade ainda diz na página 175 “Se não for possível o Eu mudar o ambiente, ele deve mudar a si mesmo. Se não o fizer, será vítima, e não ator do seu script.” Pergunto, em que momento esse educador, o envolvido no processo educacional terá tempo de conhecer a si mesmo? Será que existe interesse neste conhecimento? Ou será que somos realmente heróis, absorvendo todos os infortúnios a espera de um dado momento poder resolvê-lo! E a formação emocional do nosso bem maior a criança; como transmitir essa adequação a elas? Se nós mesmo ainda não sabemos lidar com essas questões?
            Creio que os gestores também vítimas destas demandas deveriam despertar para essas questões! A Educação sendo a base da formação da cidadania peca por não cuidar deste aspecto tão importante para a saúde do relacionamento consigo mesmo e com o outro. A busca de solução deverá vir dos líderes, promovendo condições favoráveis ao corpo docente, valorizando, reconhecendo, chegando junto com apoio na hora em que é necessária, dando segurança a estes profissionais que na sua maioria amam o que fazem, mas estão perdendo o brilho social e o emocional, por causa da sobrecarga imposta sobre eles.
            O psicólogo e educador palestrante com mais de duas mil palestras sobre disciplina Içami Tiba, menciona em seu livro; Disciplina, Limite na Medida Certa: que para se ensinar limites, educação, disciplina é necessário ter uma autoridade saudável! Saudável no sentido de ser sem autoritarismo. Esse autoritarismo se reporta quase sempre à liderança. Precisamos despertar para esse lado nobre do ser humano! Sermos saudáveis emocionalmente, para formarmos cidadãos do bem antenados com empatia.
 
 
6 A ESPIRITUALIDADE NA MATURIDADE EMOCIONAL: A IMPORTÂNCIA DA VIDA ESPIRITUAL, DA INTROSPECÇÃO, DA EMPATIA PARA LIDAR COM AS EMOÇÕES
 
 
Na Revista Veja (jun.2008), sob o título – “Especial: Um olhar sobre o inicio de tudo”. Mostra a correlação entre a ciência e a religião, relata que há uma visão harmônica da criação embora tenha sido nomeada de forma diferente pelos antepassados, pois também tinham uma visão diferente, com pontos em comum: todos partiram do mesmo princípio, houve um começo. A ciência moderna tem confirmado as metáforas religiosas, de forma surpreendente! Aproximando-as de forma reservada.
O antagonismo entre a ciência e a espiritualidade tem diminuído dos anos 90 para cá. Podemos observar essas nuances, pelo menos entre médicos, psicólogos, filósofos, biólogos e educadores pós modernos. Muitos têm admitido que a espiritualidade exerce uma influência grande no desenvolvimento do ser humano, no sentido do seu aperfeiçoamento pessoal, emocional, social e espiritual. A Espiritualidade deve ser respeitada, considerada, pois em momentos de profundo infortúnio, alguns podem encontrar nela alento emocional. (site ceticismo.net, 2009).
O professor em sala de aula precisa estar fundamentado nesta questão da maturidade emocional introspectiva. A vida humana é composta de experiências emocionais a todo instante, desde as corriqueiras, às mais profundas e duradouras. São elas as que dão colorido a vida! Mas como transformar essas experiências emocionais em coisas boas? Positivas? E evitar as ruins, as negativas em sala de aula? Como ensiná-los se não as temos? Sim porque nesse caso precisamos ter, não só saber! Observo que os professores têm tentado buscar recursos para driblar essas dificuldades em si mesmo com meditações, espiritualizações, religiosidade, medicamentos, até afastamento do trabalho. Contudo são paliativos. Estamos criando uma sociedade doente emocionalmente porque também estamos na maioria doentes.  Precisamos de saúde emocional. Como obtê-la?
 Lendo o livro de Mark W. Baker (2005, p.7) - Jesus O Maior Psicólogo que já Existiu, ele afirma;
 
Há mais de vinte anos interesso-me pelo estudo tanto de teologia quanto de psicologia. Descobri que cada uma dessas disciplinas ajuda a aprofundar meu entendimento da outra. Fico admirado ao constatar como os pontos de concordância entre os princípios espirituais e os emocionais podem favorecer a saúde emocional quanto a física.
 
O Equilíbrio entre a razão e a espiritualização ou fé, seria a solução? Essa é uma decisão muito pessoal. Contudo, precisamos despertar para essa necessidade, Baker (2005) afirma que estudando a personalidade de Jesus, viu nele um equilíbrio perfeito do emocional e o racional! Portanto existe esperança, um modelo, respeitando as crenças, porque não estudarmos, a razão de tão grande sucesso nesse equilíbrio emocional de Jesus em busca de nossas próprias realizações?
 
 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
 
A ideia de fazer uma pesquisa sobre A Influência do Estresse Emocional sobre o Professor, surgiu assim que comecei a perceber as consequências emocionais no cotidiano do educador; quando comecei a fazer este artigo, vi que o assunto era bem mais profundo do que conseguiria transmitir. Pois cada ser humano é único, com capacidades de ver o mundo e as circunstâncias de forma diferente e é livre para ser o que escolher. O modo que cada um percebe ou se percebe é singular.
Entendo que de forma consciente ou inconsciente os docentes procuram driblar a situação. Entretanto há um preço muito auto. Toda a estrutura educacional fica comprometida por conta das consequências relacionadas aos problemas emocionais do professor e dos alunos. Os educadores que melhor trabalham as dificuldades afetivas e emocionais intrínsecas, são os que mais compreendem seus alunos além dos conteúdos, são mais empáticos, mesmo sem o apoio da família ou gestores.
Contudo, observo que sem a participação efetiva da sociedade representada pela família e pela política de gestão, o professor vai ficar sempre sobrecarregado. Sonho com o dia em que precisaremos realmente ser somente intermediários do saber, de forma digna, e não responsáveis por uma estrutura frágil onde se disfarça que existe a preocupação com o docente e o docente finge acreditar e o produto final, nosso bem maior, a criança, recebe o troco, de forma direta ou indireta. Se for dada a oportunidade para o educador responsável, ele não falhará, porque seu grande prazer é ver o conhecimento surgir na mente de cada aluno. Queremos um mundo melhor, precisamos professores melhores, se não investirmos nisso o resto será somente um engodo. Me reporto a uma frase campeã num concurso de frases ecológica que recebi por e-mail, e vista por qualquer um de quem tem facebook: “Fala-se em deixar um mundo melhor para nossos filhos, deixaremos filhos melhores para nosso mundo?”
Para deixarmos filhos melhores, nós, os modelos, precisaremos ser melhores, assim teremos um mundo melhor!
 
 
8 REFERÊNCIAS
 
 
BARKER, Mark. Jesus - O Maior Psicólogo que já existiu. RJ: Sextante, 2005.
 
CURY, Augusto. Pais brilhantes Professores fascinantes. RJ: sextante, 2003.
 
______. A Fascinante Construção do Eu. SP: Planeta do Brasil Ltda, 2011.
 
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. RJ: Objetiva, 1995.
 
 
 
LENT, Roberto. (Coord.). Neurociência da Mente e do Comportamento. RJ: Lab,2008.
 
Site Youtube- Professora  Amanda Gurgel.
 
Siteg1.globo.com/jornal-hoje/2010/09/professor-estressado.
 
TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. RJ: Vozes, 2006.
 
TIBA, Içami. Disciplina Limite na Medida Certa. 41.ed. SP: Gente, 1996.