EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A PAIXÃO PELA EDUCAÇÃO

Autor: José Gonçalves da Silva Junior

 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A PAIXÃO PELA EDUCAÇÃO

 
 
                                                   RAMOS, Paulo. Educação inclusiva: Histórias que 
(des)encantam a educação. 3.ed. Blumenau: Odorizzi, 2012.
 
 
 
            A obra destaca as mudanças que a escola sofreu, devido a uma mobilização dos legisladores e educadores que vêm procurando fazer da escola um lugar de igualdade para todos.
            Neste processo também destaca a importância da metadisciplinaridade como ferramenta para o acesso e sucesso dos alunos.
            Toda essa mudança tem gerado dúvidas e incertezas, pois exige da escola e de seus professores, mudanças inovadoras, com o objetivo de atender adequadamente todos os alunos. Incluir as pessoas com necessidades especiais nas escolas exige que a mesma reveja seu funcionamento de forma a realizar esta inclusão de forma correta e digna; já que a educação é um direito humano.
            Ao ingressar em uma escola, o aluno deve se adaptar a ela e aprender tudo o que lhe é ensinado, mas aquele que não consegue o domínio total do conteúdo, certamente será visto como “diferente” e certamente carregará este rótulo por todos os anos que ali permanecer. O professor tradicional, sem saber como lidar com essas diferenças, acredita que esse aluno não deveria estar ali.
            Outro fator muito comum hoje em dia, é o laudo médico que define o educando como problemático e recomenda que seja incluído na educação especial. As escolas pouco têm feito para essa inclusão, pois seguem modelos tradicionais e preestabelecidos A verdadeira inclusão está ligada diretamente à capacidade em atender as diferenças na sala de aula e isso depende de ações políticas que assegurem os direitos de igualdade, promovendo mudanças de mentalidade social, mudanças na formação dos professores e mudanças na estrutura do processo educacional.
            O exercício da cidadania deve se estender a todos e não somente a uma parcela da população. O movimento pela inclusão, visa a construção de uma sociedade que respeite a diversidade humana, que promova a igualdade de direitos e que tenha compromisso com as minorias, evitando que a escola pratique a mesma exclusão aplicada pela sociedade.
            A Declaração Universal dos Direitos Humanos, publicada primeiramente em 1948, pede que se utilize a educação como via de garantia dos direitos humanos e assim promover a inclusão universal. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 4024/61), de 1984, fez referência a inclusão de pessoas com deficiências, na educação regular, garantindo recursos às instituições que demonstrassem eficiência para atuar neste segmento.
            Apesar de instrumentos legais terem sido criados, as medidas implementadas  ficaram longe das expectativas da sociedade.
            Outra conquista importante foi a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, que entre tantas outras garantias, estabeleceu aos portadores de deficiências, um atendimento educacional especializado na rede regular de ensino. Para tanto, a instituição deve oferecer técnicas, recursos educativos, organização e terminalidade específica, bem como professores especializados na área e quando necessário, sua capacitação.
            A escola deve matricular a todos e além disso assegurar condições necessárias, viabilizar e dar sustentação ao processo de educação inclusiva, visando atender a classe de alunos com necessidades especiais. A inclusão garantida por lei, também permitiu que a Educação Básica se organizasse de modo diversificado, quando necessário, alterando séries, períodos semestrais, ciclos e grupos não seriados, com base na idade ou na competência, a fim de garantir a inclusão dos alunos com deficiências.
            Ao falarmos de inclusão, o assunto parece bastante simples, pois basta incluir o aluno com necessidades especiais em uma turma regular, mas o que verdadeiramente interessa é o processo de educar, no mesmo grupo, crianças com ou sem necessidades especiais, promovendo assim uma verdadeira educação de qualidade para todos. Talvez o ponto primordial para isso seja a sociedade, pois deverá aceitar a diversidade humana, respeitando características, interesses e necessidades, quebrar paradigmas e tornar-se o alicerce sobre o qual será erguida a verdadeira inclusão educacional.
            A inclusão social é um processo bilateral em que pessoas excluídas e sociedade, buscam parceria, equacionando problemas e buscam efetivar oportunidades para todos. À sociedade cabe a função de eliminar as barreiras existentes para que as pessoas possam ter acesso aos requisitos necessários para seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional.
            A escola deve aceitar as diferenças individuais e ser um local de convivência, transformação e cooperação mútua. Precisa encontrar respostas educativas para as necessidades de seus alunos e adaptar-se, a fim de ser pluralista e aberta, respeitando as diferenças individuais. A verdadeira inclusão deve satisfazer as necessidades de aprendizagem, de desenvolvimento das potencialidades, permitindo a participação do cidadão, na transformação cultural de sua comunidade.
            Educação especial tem sido vista apenas como atendimento aos que apresentam alguma deficiência, por este motivo se torna necessário a reestruturação do sistema de ensino, tornando a escola um local de favorecimento e estímulo ao intercâmbio e a valorização das ideias, do pluralismo e da diferença. É preciso a escola adaptar-se ao aluno e não o contrário, para isso os educadores devem estar preparados para o que está sendo exigido de cada aluno, com objetivos específicos e adequados às necessidades singulares de cada educando, transformando as salas de aula em espaço prazeroso onde sejam parceiros da aventura do aprender.
            Metadisciplinaridade requer dos professores, o desafio da realidade, em busca de ousadia e originalidade inerentes ao inovador e ao novo. Não é tarefa fácil pois requer uma visão interna e mudanças de valores, enraizados há muito tempo, dificultando que a sociedade aceite a diversidade e abra caminhos para a construção de uma educação comprometida e responsável em busca de uma inclusão real e efetiva.
            A inclusão exige desprendimento e engajamento de todos; uma revolução interna, uma sociedade que aceite a diversidade, mudança de valores e que ultrapasse a atual ordem das coisas, livrando-se dos velhos estigmas. O bom professor não deve prejulgar e sim descobrir as potencialidades de seu aluno, acreditando e incentivando-o para que o mesmo descubra que pode fazer a diferença.
            Não pode e não deve desistir de seu aluno, mesmo que a situação pareça desesperadora e mesmo que isso lhe cause algumas cicatrizes, pois algumas podem ser de situações muito especiais;
            Trabalhar as diferenças sem individualizar, mas ressaltando o trabalho em equipe e enaltecendo as qualidades de cada um para a realização de um trabalho;
            Ser criterioso e observador para promover a igualdade e a importância de cada um, formando um sólido alicerce que sirva de base para o aluno conviver em sociedade, como participante ativo e não mero expectador;
            Promover o engajamento de responsáveis pela educação, pais, professores e sociedade, buscando cercar o aluno de atenção e condições que o faça sentir-se importante e participante do contexto em que vive, promovendo seu crescimento;
            Valorizar seus educandos, proporcionando um entendimento sobre suas ações e resultados, mostrando-lhes  que tudo na vida deixa traços;
            Mostrar aos seus alunos que mesmo as coisas mais simples podem ser as de maior valor;
            Incentivá-los na caminhada do saber, proporcionando condições para que possam vencer cada etapa dessa jornada, em busca de um objetivo maior;
            Proporcionar condições para que possam ser críticos e observadores, para entenderem que são importantes e que existe a opção da escolha do caminho a seguir.
            A inclusão de alunos com necessidades especiais está muito abaixo do que deveria ser realmente. Muitas leis e decretos já foram elaborados garantindo esse direito, porem o que os responsáveis pela educação tem feito até o momento, é simplesmente colocar professores que acompanhem estes alunos, sem material e conhecimento necessário à realização do seu trabalho, mas sim agindo como meros “acompanhantes”.
            Na escola não se observa mudanças de estratégias ou qualquer tipo de flexibilização, assim como a busca por condições necessárias à verdadeira inclusão desses alunos.
            Acredito que para promover uma inclusão de qualidade, que atenda verdadeiramente as necessidades desses alunos, será necessário uma redefinição dos conceitos, atitudes e práticas, baseados no respeito e valorização das diferenças, desenvolvendo o potencial das pessoas, de modo que atenda suas necessidades.
 
                                                                        
 
       José Gonçalves da Silva Junior
São Francisco do Sul - 2012