PARCERIA, AMIZADE E DIÁLOGO PARA SER LEMBRADO COMO UM PROFESSOR INESQUECÍVEL

Autora: Charlene Orlandi Clemer;

PARCERIA, AMIZADE E DIÁLOGO PARA SER LEMBRADO COMO UM PROFESSOR INESQUECÍVEL
 
 
na metadisciplinaridade.7.ed. Blumenau: Odorizzi, 2010.
 
 
Paulo Ramos inicia sua obra fazendo um resgate histórico de sua trajetória como aluno e professor, relatando as “soluções” dadas por seus professores aos problemas que surgiam em sala de aula. Classificando estes métodos punitivos como violentos, depreciativos e imorais, traz a tona uma discussão pertinente àqueles que buscam tornar inesquecível sua prática docente, desvelando um exercício tradicionalmente criticado, mas que ainda hoje pode ser encontrado nas salas de nosso país. Segundo ele, foi a inquietude causada por estas vivências incoerentes, que o motivaram a pesquisar sobre professores, defendendo a ideia de que a educação deveria se mais humana.
Levando em consideração a humanização da educação torna-se necessário que o professor se sinta aprendente, pois só assim ele pensará no outro da mesma forma, sentindo a necessidade de poder ajudar, ensinar e educar. Sendo necessário também trabalhar todos os segmentos da escola, bem como a comunidade, para que se realize um bom processo educativo. “Professor inesquecível é o que tudo faz para tornar seu aluno cidadão crítico e bem-informado, em condições de compreender e atuar no mundo em que vive”. (RAMOS, 2010, p. 16).
A formação docente deve se adequar à nova escola, privilegiando um processo de formação para que o aluno teça seu próprio fio. Um trabalho coletivo, com o comprometimento de todos para um ensino de qualidade, em que o professor deva possuir cultura geral, pois todas as áreas do conhecimento se inter-relacionam. Sendo assim, sua eficiência requer planejamento e um plano de aprendizagem participativo.
Ser um professor metadisciplinar é ser inesquecível, ser intérprete, ter uma relação harmoniosa, amar o que faz, valorizar as vivências de seu aluno, motivá-los à aprendizagem, trabalhando com variadas técnicas de ensino e avaliação, capaz de auto-observação, autoavaliação e auto-regulação. É transformar-se em alguém que tenha serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender, conseguindo fazer seu aluno sonhar e tomar consciência dos seus sonhos, semeando ideias e não controlando seus pensamentos.
Cabe ao professor mais do que transmitir o saber, articulá-lo para que o aluno reflita sobre suas relações. O desafio está na incorporação de novos processos de aprendizagem, para que a escola privilegie as relações, dando mais relevância ao processo que ao resultado, realizando atividades complementares em que as experiências sejam vivenciadas individualmente e em grupo, dinâmicas de projetos que sejam avaliadas pela auto-realização que elas proporcionam. Desse modo, se propõe uma escola em que o aluno se veja como sujeito incluído e atuante em sua comunidade, descobrindo assim sua futura profissão.
Quanto à resistência dos professores é preciso que haja uma discussão e uma reflexão de todos os envolvidos, sobre as decisões que dão forma a uma escola, para que elas não passem despercebidas por vivenciar e contribuir para uma fragmentação, tornando o ensino uma mera reprodução de conhecimentos. É necessário definir, rever e mudar as práticas para que se possa projetar melhor as ações educativas, fornecendo uma formação de qualidade ao aluno.
O professor necessita contínuo estudo na sua disciplina, conhecer e dominar a linguagem, estabelecendo relações significativas entre sua disciplina e outras da mesma área do saber; precisa escolher estratégias adequadas para os alunos, saber dar uma aula com competência, e por fim saber seduzir o aluno para que ele deseje aprender. O professor competente é aquele que dispõe de recursos capazes de criar condições para que o aluno se sinta tranquilo e sem estresse no momento da avaliação e consiga conhecer e dominar a linguagem.
            As escolas existem não para ensinar a resposta, mas sim para ensinar as perguntas aos alunos, tornando o professor mediador desta proposta. Durante anos, muitos mitos passaram pela sala de aula, principalmente na hora da realização de provas, exemplo “quem não cola não sai da escola”, fazendo com que os alunos utilizassem este meio para se dar bem. Por outro lado, o professor utilizava a prova como meio de acerto de contas, ou como forma de controlar a disciplina junto aos alunos mais rebeldes. Vimos ainda, muitas escolas utilizando este, como único método de avaliação.
Sabemos que muitos critérios de aprendizagens ou de avaliações podem ser adotados para garantir uma boa educação aos alunos. Desde cedo, temos que ensinar o que realmente precisam aprender, zelando para que o processo não deixe cicatrizes na formação cidadã dos educandos. Sendo assim, o professor deve utilizar vários recursos para verificar realmente o que o aluno aprendeu, já que na hora da prova muitos ficam angustiados, preocupados e muitas vezes esquecem o que haviam estudado. Neste sentido, atendendo aos pilares metadisciplinares, professor, escola e família precisam estar preparadas para guiar o aluno na sua caminhada pelo saber.
A escola é o lugar de concepção e avaliação de seu projeto educativo, entretanto para que se tenha um bom trabalho pedagógico, os professores juntamente com a escola precisam trabalhar o currículo oferecido pela mesma, utilizando-se de metodologias que reflitam a importância do processo dialético entre as partes envolvidas na educação como um todo, pois ele é um importante elemento constitutivo da organização escolar. Tornar-se um professor que valoriza os conteúdos atitudinais e procedimentais, colocam em prática muitas qualidades que os alunos até então desconheciam, criando um elo entre educador e educando, possibilitando ao aluno a escolha de soluções criativas para sanar seus problemas.
Ramos levanta a discussão a respeito do surgimento do conhecimento, deixando claros seus indícios desde o início da humanidade. Segundo ele, as epistemologias tradicionais afirmam que o conhecimento é fato e não processo, por isso está pronto, acabado e precisa ser repassado aos alunos. Contrapondo-se a este pensamento, surge uma metodologia reflexiva voltada para a construção do conhecimento sistematizado, o saber cotidiano e a vivência na construção do conhecimento do professor sobre o ensino, dando oportunidade ao aluno de ser sujeito de sua própria educação e lutar pela transformação social.
Devemos estar atentos, quando discursamos sobre essa nova metodologia, já que somos frutos de uma escola tradicional, que apesar de já estar superada teoricamente ainda deixa vestígios de uma prática voltada ao que é verdadeiro e imutável. O que podemos espalhar aos quatro ventos é que somos sujeitos em processo, transitando entre o velho e o novo na busca por um conhecimento mais completo e condizente com a realidade.
O professor deve passar pelo processo de ser professor, correndo os riscos e buscando aprimorar-se a cada dia. Enriquecendo seu vocabulário de aprendente para poder fazer saber os seus alunos, contribuindo na formação cidadã, de modo que possam intervir quando necessário e de superar os desafios impostos por sua realidade.
De acordo com Ramos os professores podem dominar seu conhecimento e manipularem seus saberes de diversas formas, levando sempre em consideração seu estado de ensinante e de aprendente. Mobilizando os saberes oriundos da vivência cotidiana, da ciência, da teologia, da filosofia e da tecnologia, em prol de um processo de ensino-aprendizagem de qualidade para todos.
Encerrando sua obra, Ramos reitera a necessidade de sermos coerentes em nossa prática, devendo organizar nossas técnicas educacionais de forma estratégica, combinando atividades individuais e grupais, oportunizando aos envolvidos diversas ocasiões onde possam se expressar, desenvolvendo suas capacidades e preparando-os para fazer e resolver seus problemas do cotidiano. O professor é um grande agente no processo educacional, um mediador e assessor do saber, um sujeito que não deixa desanimar pelas condições externas que geralmente desestruturam sua profissão, conhecedor de suas qualidades e limitações.
Contudo sua formação precisa de novos desafios e novos horizontes, buscando construir uma prática educativa mais coerente e significativa para que se possa centrar nas práticas da interdisciplinaridade, para que se tenha segurança e garanta ao aluno cidadania ampla para transformação da sociedade. Cabe ao professor o domínio do conteúdo, devendo saber que seu papel no processo de ensino é ser mediador dando ao aluno a oportunidade de analisar, observar, experimentar e refletir sobre as relações existentes em estudo.
Todo professor contém uma maneira diferente de transmitir o saber, de agir, de conquistar seus alunos, encontrando muitas vezes receio em mudar seu modo se ensinar por estarem inseguros ou por não dominarem determinado conteúdo, trabalhando somente aquele em que encontram mais afinidade.
  Não demonstram interesse em pesquisar, em buscar sanar as dificuldades que encontram no seu dia a dia, ensinando somente de uma única forma e esquecendo que nem todos aprendem do mesmo modo.
Para se mudar esta concepção, todos deveriam adquirir um trabalho metadisciplinar, que além da capacidade de ensinar, é também papel do professor transmitir valores, normas, ser amigo e conduzir o conhecimento de uma forma com que todos entendam, sendo criativo, alegre, pesquisador, refletindo sempre sobre sua prática e enriquecendo a mesma.
Pois assim nos tornaremos educadores inesquecíveis na vida de tantas crianças, deixando um grande significado na sua formação como ser humano.
 
 
Charlene Orlandi Clemer
Gaspar – SC
 
 
Grupo:
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Claudia Jane Nyland;
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