O “EU” PROFESSOR
Autora: Josiane Cardozo Kieckhoefel
O “EU” PROFESSOR
KIECKHOEFEL, Leomar. A Abordagem Autobiográfica na
Formação do Professor. Massaranduba: IESAD, 2008.
Em tempos passados, todas as vezes que me olhava no espelho, repensava minha vida, minhas convicções, me perguntava: porque será que é tão difícil para algumas pessoas compreenderem certas coisas que, para mim, já era banais?
Hoje sei que, na verdade, estava vendo nos outros e refletindo uma dificuldade que era minha. Aprendi, até de forma amarga, que todos temos diferenças e que, como dizem grandes escritores, estas devem ser respeitadas. Além disso, e mais importante que isso, passei a enxergar que as diferenças de cada um se completam para, na totalidade, serem e formarem a “perfeição”.
Assim como na vida, também na educação (que não deixa de ser vida, porque o professor e o aluno são vida, vivida ou não)... As diferenças, nossas e dos outros, nos levam a constante transformação, impulsionando-nos a pensar e repensar o melhor jeito de ser, viver, aprender e ensinar.
Essas transformações perpassam no autoconhecimento. Todo ser tem o dever de se conhecer, pois só quem se conhece é capaz de formar opinião e não somente reproduzir, como frequentemente se vê.
Não se consegue ter argumentos para algo que se desconhece. Assim é na vida/educação em formação. Uma busca constante, que deve ser coerente e ativa para transcender o que já existe.
Ninguém é capaz de dar o que não tem, inclusive conhecimento. Qualquer formação/informação/transformação precisa ser antes internalizada, vivida. E somente assim, se começa a transformar. Desta forma, se aprende, aprendendo; se ensina, ensinando; se transforma, transformando e, principalmente, se vive, vivendo.
Conclui-se, então, que só se aprende, fazendo, participando do aprender... Por isso é tão complexa a questão “formação do professor”, pois esta deve contemplar desde as concepções já existentes entre os professores, seus anseios, suas dúvidas e dificuldade, até o ideal pensado e almejado por todos, melhorando a prática pedagógica. Sem esquecer, nesta formação, que o professor não é um ser a parte da sociedade enquanto está cumprindo sua função na escola.
É um processo complexo, também, porque só se aprende e se compromete com a transformação quando se abre para a aprendizagem e para o desafio do novo.
E, quem é PROFESSOR de verdade, sabe que se apaixonar cada dia pelo que se faz, pelo que se conquista, sentir o desejo constante de ir além, se entregar, deixar-se envolver, é a certeza e a mola propulsora para, sempre mais desafiar o velho, o novo (que se torna velho), e buscar, buscar e buscar...
Josiane Cardozo Kieckhoefel
Professora