PARECER SOBRE O ENSINO DA HISTÓRIA NA REDE MUNICIPAL DE BLUMENAU
Autora: Evemara Faustino Zoz
PARECER SOBRE O ENSINO DA HISTÓRIA NA REDE MUNICIPAL DE BLUMENAU
Evemara Faustino Zoz
Ms. Leomar Kieckhoefel
RESUMO
O artigo foi elaborado para dividir ou diminuir as angústias, dúvidas e alegrias como professora de História. O trabalho introduz como o ensino da História foi ensinado através do tempo, as maiores dificuldades enfrentadas pelos professores e sugestões de atividades para colocar em prática nas aulas de História. Para que fossem atingidos os objetivos foi desenvolvida uma pesquisa de campo com os professores da Rede Municipal de Blumenau que foi fundamental para a elaboração do mesmo, bem como a utilização de renomados autores a fim de cientificizar a pesquisa. Podemos considerar que através do esforço de todos, troca de ideias e informações, alcançaremos uma educação de qualidade.
Palavras-chave: Ensino da História. Dificuldades. Atividades. Livro Didático. Rede Municipal de Blumenau.
1 INTRODUÇÃO
Pensando na minha prática em sala e se estou no caminho certo, escolhi o tema sobre o parecer dos professores de História da rede municipal, já que me enquadro como professora desta rede há dez anos. Hoje sou professora efetiva na EBM Lauro Müller. Trabalho com as turmas de 6º ano a 8ª série. Percebendo a dificuldade que muitos professores enfrentam com o domínio de turma, formação em outra área, falta de tempo para planejar e material didático. Decidi estudar um pouco mais aprofundado o ensino de História na rede municipal de Blumenau. Com uma pesquisa com os companheiros que compartilham a mesma disciplina, alegrias e dificuldades.
O trabalho inicia com uma reflexão de como o ensino da História entrou no currículo escolar na Europa e posteriormente no Brasil. Que foi um processo que segue a ideologia de cada época, sendo assim, está em constante processo de transformação.
Para fazer um perfil e saber como pensam os profissionais da minha área tive a colaboração do coordenador dos professores de História. Hoje segundo o coordenar Morche Ricardo de Almeida, somos ao todo 50 professores na rede. O mesmo ajudou na entrega e no recolhimento dos questionários. Dos 50 questionários entregues retornaram 24. Em cima dos 24 questionários foi feito um levantamento sobre as dificuldades encontradas pelos professores de História. Onde são colocadas sugestões. Quais as atividades desenvolvidas que dão certo em sala, ocorrendo a aprendizagem. Sua opinião sobre o livro didático, pois somente 6 escolas não adotaram o livro “Projeto Arariba” e seus desejos para a mudança do ensino da História na rede municipal. Eu como professora também faço parte da pesquisa.
Para não expor os entrevistados, os professores serão chamados no artigo com a letra inicial do seu nome. Quando houver mais de um professor com a mesma letra será colocado a letra a seguir ex. Ma.
Devido ao ensino de 9 anos a Rede Municipal no ano de 2011 possui turmas de 6º ano, 6ª série, 7ª série e 8ª série. O currículo está em construção. Os professores somente receberam os conteúdos a serem trabalhados com as turmas do 6º ano.
2 UMA INTRODUÇÃO DO ENSINO DA HISTÓRIA
A sociedade, as pessoas, as famílias, as leis, as políticas nacionais e internacionais mudaram, se transformaram. Não poderia ser diferente na escola e no ensino na História. Com o tempo houve uma transformação de como seria o ensino na História, os agentes históricos e fontes históricas.
A História como campo de conhecimento mudou com o tempo. Conforme Thais Nivia de Lima e Fonseca, em seu livro História e o Ensino da História (2006, p.21), somente a partir do século XVIII é que começa adquirir contornos mais precisos, como saber objetivamente elaborado e teoricamente fundamentado.
Da Idade Média ao século XVII predominou uma história apoiada na religião e marcada por uma concepção providencialista, segundo a qual o curso da história humana definia-se pela intervenção divina. A afirmação do Estado-nação desviou, pouco a pouco, os objetivos do conhecimento histórico para o pragmatismo da política, servindo, cada vez mais, à educação dos príncipes e à legitimação do poder. O discurso historiográfico foi deixado de lado a genealogia eclesiástica para se fixar na genealogia e de nações, traço que manteve forte até o início do século XX.
Então, primeiramente a história é ensinada pelos moldes da religião e após para a política com a formação dos Estados Nacionais europeia.
Segundo Schmitd e Cainelli (2004) o processo de transformação da História como disciplina ocorreu primeiramente na França, no contexto das transformações revolucionárias do século XVIII, inserido na luta da burguesia pela educação pública, gratuita, leiga e obrigatória.
Com a identidade nacional e a legitimação dos poderes fizeram com que a História recebesse papel de destaque para que pudesse repassar às crianças e aos jovens o passado glorioso da nação e os feitos dos grandes vultos da pátria.
Com essa luta iniciou a chamada revolução positivista, que colocou, para a História, seu campo de atuação e seu método.
O ensino da História no Brasil não pode ser desvinculado da Europa. No período colonial, a educação escolar no Brasil foi marcada pela atuação dos da Companhia de Jesus (1549) com o objetivo de catequizar os indígenas e desenvolver atividades agrícolas e artesanais. De forma geral, a Companhia de Jesus e o Estado português convergiam na concepção da colonização e Marquês de Pombal (1750-1777), quando a Companhia foi expulsa de Portugal e de todos os seus domínios de ultramar.
Embora os pensamentos de Pombal estivessem fundamentados no despotismo esclarecido ele não deixava de ser aristocrático, pois o acesso a educação continuava restrito. Para Fonseca (2006) na Reforma Pombalina, a História aparecia mais definida para os estudos superiores, da Universidade de Coimbra.
A constituição da História como disciplina escolar no Brasil – com objetivos definidos e caracterizadas como conjunto de saberes originados da produção científica e dotados para seu ensino, de métodos pedagógicos próprios – ocorreu após a independência, no processo de estruturação de um sistema de ensino para o Império. Ainda conforme Fonseca (2006), nas décadas de 20 e 30 do século XIX surgiram vários projetos educacionais que ao tratar da definição e da organização dos currículos, abordavam o ensino da História, que incluía a “História Sagrada”, a “História Universal” e a “História Pátria”.
Para Elza Nadai a História ensinada no Brasil foi a história europeia, biografias de personagens importantes e datas especiais.
Num primeiro momento ensinou-se a História da Europa Ocidental, apresentada como a verdade da História da civilização. A história da pátria surgia como seu apêndice, sem um corpo autônomo e ocupando um papel extremamente secundário. Relegada aos anos finais do ginásio, com número ínfimo de aulas, sem uma estrutura própria, consistia em um repositório de biografia de homens ilustres, de datas e batalhas. (NADAI, 1992-93, p.146).
No período após a Proclamação da República os principais conteúdos de história do Brasil tinham como objetivo a constituição e a formação da nacionalidade, com seus heróis e marcos históricos, sendo a pátria o principal personagem desse tipo de ensino.
Com a Lei n. 5.692/71 foi oficializado o ensino de estudos sociais nas escolas brasileiras, ficando os conteúdos específicos de História destinados somente aos alunos do antigo segundo grau. A concepção e os conteúdos da História continuam atrelados às concepções tradicionais. Por isso que muitas pessoas não gostam e não sabem da importância da História, pois sua concepção era decorar nomes e datas. Onde fica enraizado o positivismo e não o saber fazer, pensar e raciocinar sobre o passado.
Na década de 1980 começa o debate de como devemos ensinar a História. As reflexões apontam a existência de diversas abordagens e temáticas para o ensino da História. Conforme Schmitd e Cainelli (2004) ocorrem questionamentos acerca dos conteúdos curriculares, das metodologias de ensino, do livro didático e das finalidades de seu ensino. As questões epistemológicas do conhecimento histórico e a problemática da reprodução do conhecimento no ensino da História para a escola fundamental e média também tornaram-se objeto de discussão. Discussão esta que cerca ainda hoje as escolas de Ensino Fundamental, Médio e principalmente as Universidades.
Assim, a década de 1980 foi marcada pelos debates acerca de questões sobre a retomada da disciplina história como espaço para um ensino crítico, centrado em discussões sobre temáticas relacionadas com o cotidiano do aluno, seu trabalho e sua historicidade.
Com o mundo modificando e vários estudos surgem à necessidade de adequação de um currículo ao mundo contemporâneo. Schmitd descreve que a partir da Lei Federal n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a qual determinou competência da União, do Distrito Federal e dos municípios o estabelecimento de novas diretrizes para a organização de um currículo e conteúdo mínimo - , em 1997 a Secretaria de Educação Fundamental, do MEC, propôs os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
Na área de História, os Parâmetros Curriculares Nacionais tiveram como proposta fundamental a modificação da estrutura dos conteúdos apresentados. A ideia básica era transformação dos conteúdos organizados de forma linear em eixos temáticos. Era uma tentativa de superar o ensino da História baseado na cronologia.
Schmitd e Cainelli (2004, p.24) colocam “as transformações da sociedade contemporânea, bem como as novas perspectivas historiográficas, como as relações entre história e memória, têm estimulado o debate sobre a necessidade de novos conteúdos e novos métodos de ensino de História”.
Percebo que houve grandes mudanças na forma de ensinar. Penso que aprender sobre História está muito mais agradável. Não precisando utilizar somente fontes oficiais como na História positivista. Mas partir da poesia, filmes, história oral, fotografia, moda, etc., para obter conhecimento do nosso passado. Compreender a nossa vida. Entender porque nascemos neste lugar, pois muitos de nós poderíamos ter nascido na África, Europa ou Ásia. Compreender porque esta mistura do povo brasileiro. Hoje o ensino da História pode ser tornar uma grande fascinação.
3 PERFIL DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL, CURRÍCULO E LIVRO DIDÁTICO
3.1 MAIORES DIFICULDADES ENFRENTADAS NA DISCIPLINA DE HISTÓRIA
Somos ao todo 50 professores de História, segundo professor Morcher Ricardo de Almeida coordenador dos professores de História. Sendo que dos 50 professores 24 responderam os questionários. Onde eu me incluo sendo professora efetiva da rede. Dos 24 questionários entregues 15 são professores efetivos da Rede Municipal e 9 são professores ACTs na disciplina de História. (anexo 1).
A primeira pergunta era de assinalar (anexo 2) e refere as maiores dificuldades que o professor enfrenta na disciplina de História. Todos os professores assinalaram mais de uma alternativa.
TABELA 1 - As Maiores dificuldades encontradas na disciplina de História nas escolas.
Indisciplina
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14
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Formação em outra área
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2
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Carga horária excessiva
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12
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Falta de tempo para planejamento
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13
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Falta de suporte pedagógico
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7
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Pouco material didático
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6
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Outro
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6
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FONTE: Dados coletados via a entrevista realizada pela pesquisadora.
Conforme tabela acima em primeiro lugar a indisciplina por parte dos alunos, em sequência a falta de tempo para planejar e carga horária excessiva.
Hoje percebendo que nossos adolescentes não são jovens passivos que aceitam as aulas de qualquer maneira. Pois nas suas próprias casas encontram algo mais atrativo que ouvir o professor, livro didático e atividades. Que a carga horária excessiva e a falta de tempo para o planejamento traga esta indisciplina e o desinteresse na disciplina de História.
Paulo Ramos (2011, p. 193) coloca o que poderia ajudar a sanar a maior dificuldade dos professores a indisciplina que passa pela consideração dos meta-pilares da sustentação da educação: o planejamento, a concepção do conhecimento, a formação docente, a avaliação e a inclusão. Concordo com Paulo Ramos que tem que ocorrer um planejamento, inclusive da Rede Municipal de Blumenau, pois somente temos os conteúdos das turmas do 6º ano. Muitos dos professores de História têm carga horária fechada, sem um espaço para planejar na escola ou trocar ideias com a supervisão escolar. Algo, segundo a Secretaria de Educação, haverá mudança para o próximo ano. Hoje pouco ocorre a formação do professor e alguns profissionais que lecionam História têm formação em outra graduação como Geografia e Ciências Sociais.
Na tabela acima quando aparece outro foi citado por 3 profissionais a falta de interesse dos estudantes para o estudo, dois professores colocaram salários e um pouca leitura e interpretação por parte dos alunos e pouco curso de formação. Nos capítulos a seguir irei discutir e colocar sugestões para sanar as dificuldades encontradas pelos professores.
3.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS COM AS TURMAS QUE DÃO CERTO
A segunda questão da pesquisa está relacionada às atividades que ocorrem a aprendizagem e que podem sanar as dificuldades encontradas pelos professores.
Com o ensino tradicional ocorria uma organização linear, cronológica, baseada principalmente na periodização política e baseada em fontes documentais. Os conteúdos eram selecionados com base nas visões oficiais da História, com a valorização das datas comemorativas.
Hoje o aluno deve se perceber como agente histórico, pois não é somente um indivíduo ou um político que faz a história do município, estado ou país. Partindo desse pressuposto temos que desenvolver atividades que façam com que o educando sinta-se parte da História.
Primeiramente para que um professor consiga o domínio da turma é necessário que ele tenha conhecimento de sua disciplina e planeje as atividades a serem desenvolvidas.
No início do ano com as turmas do 6º ano (anexo 4 - Os conteúdos do 6º enviados pela SEMED) damos uma introdução do que é história, colocando que todo ser possui História. Um livro, roupas, fotos, documentos, utensílios domésticos ou qualquer vestígio material do passado são fontes históricas. E que hoje todos os homens (negros e brancos), mulheres, crianças, trabalhadores fazem parte da história.
Uma atividade que sugiro é que se faça história oral com pessoas idosas da comunidade ou da família. Trabalho como se faz a história oral. Os alunos filmam e fazem várias perguntas. Exemplo como era a educação, namoro, escola, alimentação, etc. Eles adoram e percebem como evoluiu a sociedade.
Outro conteúdo da turma do 6º ano é a pré-história; os alunos percebem como se vestiam, alimentavam e as relações sociais e eles adoram elaborar um teatro. Algo que fica registrado e possui um significado para os anos de 11 anos. Os alunos pensam no texto e cenário. Saem sempre trabalhos ótimos. Fica a sugestão de filmar.
No conteúdo do Egito os educandos possuem uma grande curiosidade sobre as pirâmides. Eles adoram elaborar cartazes, fazer maquetes e pesquisar na internet sobre o faraó, a sociedade, alimentação. Podem ser passados pequenos filmes. E trabalhar com revistas.
Com os conteúdos dos gregos e romanos temos vários livros, revistas que são adquiridas nos sebos com preços populares, que mostram a arquitetura, deuses e a conquista desses povos. Temos que sempre fazer um parâmetro com os dias de hoje. Que os gregos deixaram as olimpíadas, o teatro, arquitetura, algumas palavras e a democracia. Os romanos deixaram as leis escritas.
Nas turmas de 6ª série (7º ano) para memorizar um feudo é que legal que façam desenhos. No Renascimento é que tragam imagens de pinturas renascentistas, facilmente encontradas nas bibliotecas da escola. Sobre as Grandes Navegações temos um filme que todas as escolas receberam da Nova Escola. (NOVA ESCOLA 9). Desenhar um painel juntos com os alunos a trajetória das grandes viagens marítimas. Com a Reforma Protestante dá de introduzir a aula perguntando qual é a sua religião? Elaborar um livrinho onde eles desenham sobre a Reforma Protestante. Trazer para os dias de hoje o respeito pelas religiões e diferenças. Quando se trabalha sobre a história da África e Grécia temos vários contos e mitos que os alunos ficam fascinados.
Com o tema Iluminismo (7ª série ou 8º ano) inicio pedido que os alunos desenhem o que para eles significa a palavra Iluminismo. Eles desenham lâmpadas, luz. Iluminismo é esclarecer. Sobre a Independência dos EUA peçam para que os alunos traguem 10 objetos e expliquem sobre a Independência dos EUA. Exemplo: selo (explicar a lei do selo), chá (Festa do Chá de Boston). Eles são extremamente criativos.
Com a 8ª série podemos fazer paródia sobre Getúlio Vargas, Jornal Falado e de papel sobre a Segunda Guerra. Essas e outras atividades já colocadas em prática.
Conforme a sugestão de muitos professores fazer debates relacionados aos temas com abordados em aula com os alunos.
O professor R. coloca o resumo ilustrado para fixar os dados ou temas históricos e jogos educativos (memória e ludo). Sugiro que os próprios alunos possam criar os jogos. Diversos professores sugeriram cruzadinhas elaboradas pelos alunos ou professor, produção textual, desenhos, exercícios individuais e em grupos, trabalho de pesquisa, aula expositiva, passeio de estudo, palestra, informática pedagógica, apresentação de trabalho (cartazes), jornal falado, teatro, paródia, revistas especializadas de História e filmes.
Podemos perceber que possuímos diversas estratégias de aprendizagem. Primeiramente o professor deve ter domínio da disciplina que leciona neste caso a História. Uma aula expositiva e com recursos ajuda na aprendizagem. Concordo com as atividades propostas pelos professores. Deveríamos ter mais materiais pedagógicos como a revista de História na biblioteca. Em relação ao filme temos que tomar cuidado com a faixa etária, pois os filmes que apresentam História Antiga são extremamente violentos não compatíveis com turmas de 11 anos. Sugiro este caso a Odisseia que apresenta os deuses gregos. Outro exemplo é o nome da Rosa utilizado para as turmas de 12 anos que não é compatível com a idade, pois apresenta insinuações de sexo. Umas alternativas acima apresentadas são as palestras. É interessante que alguém capacitado venha na escola apresentar um conteúdo de maneira diferenciada. O que muitos professores desconhecem é que o próprio coordenador Morche Ricardo de Almeida apresenta palestras direcionadas a disciplina de História.
Turmas mais agitadas, fica como sugestão, elaborar atividades mais calmas, por exemplo, cruzadinha que todos adoram. Turmas muito calmas talvez um teatro ou um jornal falado. Algo que geralmente dá certo. O jornal falado é outra dica legal que faz o aluno pensar na roupa, elaborar reportagem e entrevista com personagem da época. O teatro é interessante também para vivenciar e fixar o conteúdo.
Nos também temos que trabalhar produção textual, pois os alunos devem aprender a colocar suas ideias no papel. Aprender a organizar suas ideias, onde poderemos avaliar se houve aprendizado.
Penso que os alunos devem apresentar os trabalhos, neste caso pode ser um cartaz ou no Power point. O aluno deve aprender na escola a se expressar de forma clara e objetiva. Colocar e defender suas ideias para o grande grupo. A escola é o lugar que devem errar e aprender para desenvolver a capacidade de expor suas ideias.
3.3 O OLHAR SOBRE O LIVRO DIDÁTICO UTILIZADO NAS AULAS DE HISTÓRIA
Em relação ao livro didático no final do ano passado quando houve a escolha foi feito uma reunião e os professores que estavam presentes escolheram que a rede poderia unificar o livro didático. A sugestão foi o Projeto Araribá. Das escolas da Rede Municipal somente 6 não aderiram o livro unificado. Que ao entender da maioria facilitaria, pois muitos alunos trocam de escola no decorrer do ano letivo e temos vários professores que trabalham em mais de um educandário e facilita no planejamento das aulas.
Somente um professor é contra o livro didático, segundo o professor M. “ penso que o (a) estudante deve ser orientado pelo professor a desenvolver seu material texto/didático. Essa orientação deve partir da pesquisa, passando por leitura, interpretação, discussão, elaboração textual e revisão/exposição do material”. O restante dos pesquisados acreditam que o livro é mais um recurso que temos, portanto não o único a ser utilizado. A professora J. coloca que “o livro é um apoio para leitura e atividades durante as aulas”.
A maioria dos professores apoia o livro que a rede selecionou, pois os conteúdos são ilustrados de maneira que chama atenção dos alunos. Um dos educadores escreveu que não gosta do Projeto Araribá.
3.4 MUDANÇAS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE BLUMENAU
Todos os professores nesta pergunta colocaram suas angústias e seu desejo de mudança. Algo que talvez no futuro possa acontecer. Percebo que muitas leis e teorias são criadas sem a prática ou vivência em sala. As pessoas que fazem parte do processo não são ouvidas.
O professor F. escreve “chega a ser um sonho, não mudança: o professor deve ser tratado como profissional ou educador não só na rede pública municipal, como também nas diversas esferas da educação, inclusive particular. A valorização do ensino da História na perspectiva de uma compreensão para um mundo melhor. Investimento sem desvio para aulas de campo, material didático e recurso financeiro”. Concordo com o professor F. que o professor tem que ser tratado como profissional. Neste caso sugiro a ideia de Paulo Ramos (2011, p. 198) “para o professor ingressar no magistério deve ser implantado avaliações, pelo MEC, que venham comprovar sua competência técnica e didática par ser habilitado ai exercício da prática docente”. Nós, muitas vezes, não somos tratados como profissionais respeitados, pois qualquer pessoa que inicia na graduação na área de licenciatura pode entrar em sala. Pessoas que não têm nem teoria e nem prática. Ramos coloca que os “talentos ensinam” que os melhores alunos devem ser os professores. Os pontos positivos que os “talentos ensinam” são que não desperdiçam tempo e nem dinheiro no ingresso de profissional sem talento, que a qualidade dos cursos aumenta e a carreira de professor ganha novos status.
O professor F. cita sobre a valorização do Ensino da História, pois esta disciplina é vista por muitos como secundária. Colocando a importância e os investimentos em Língua Portuguesa e Matemática. Quando as pessoas estudam a História elas se percebem como sujeito de mudança. Deve haver investimentos com matérias didáticos e quem sabe recurso financeiro para uma pesquisa de campo. Quando muitos de nossos alunos não conhecem as regiões vizinhas. A História vivenciada ela vai ser inesquecível.
A sugestão do professor O. seria o incentivo para a continuidade nos estudos como mestrado e doutorado. O professor C. também coloca a formação durante o horário de aula, pois algumas formações são no noturno impossibilitando aqueles que lecionam neste turno. Trago novamente a sugestão de Paulo Ramos (2011, p. 198) “quanto melhor preparado o professor, melhor é sua prática em sala de aula. Por isso, a formação em serviço deve ser instituída semanalmente, com questões básicas que norteiam o processo de ensino e aprendizagem”. A professora J. sugere que a SEMED (Secretária Municipal de Educação) procure fornecer cursos com atividades diferenciadas. Muitos formadores colocam que não tem “receitas prontas” e perguntam como são nossas práticas. Nesse caso não é formação; é troca de ideias, que também é interessante que ocorra para perceber que nossas angústias, frustrações e alegrias são parecidas com a de outros profissionais. Porém a formação deve trazer algo novo. Neste caso o professor Ca. coloca “encontro por áreas”. Muitas das formações são de maneiras mais amplas e os professores de diversas disciplinas estão misturados. Deve ocorre uma formação mais específica na área de História. Trazer pesquisas mais recentes da nossa região por exemplo. Neste caso a Semed podia receber ajuda da FURB (Fundação Universidade Regional de Blumenau) ou Uniasselvi.
Outra angústia é do professor Fe. é que muitos alunos não chegam alfabetizados no 6º ano. Neste caso a escola deve elaborar um projeto para que os alunos que não estejam alfabetizados tenham aulas com alfabetizadoras no contra turno para que possam ser alfabetizados. Pois sabemos que nos Anos Finais do Ensino Fundamental, com áreas específicas, dificilmente conseguimos alfabetizar. Nós professores temos que acreditar que todos aprendem. Nos casos de alunos não alfabetizados ou com dificuldades podemos trabalhar com dramatização, desenhos e imagens. Muitas vezes já me surpreendi com alunos que não conseguiam escrever aquilo que estava sendo trabalhado e que apresentavam o conhecimento na oralidade de forma surpreendente. A aprendizagem ocorreu, porém a avaliação foi diferente.
A grade curricular do Ensino da História na Rede Municipal ocorre da seguinte forma: para os alunos do 6º ano e 7ª série temos duas aulas de História por semana de 48 minutos. As turmas de 6ª série e 8ª série são três aulas de 48 minutos semanais. O professor M. sugere “o aumento do número de aulas para no mínimo quatro aulas semanais, sendo suas para fins teóricos (apresentação das temáticas/ discussão/ revisão) e duas para fins práticos (leitura/ produção textual/exposição). Neste caso teria que ocorrer toda uma avaliação na grade curricular da Rede Municipal para que aumentasse a carga horária na disciplina de História. Também percebo como é difícil trabalhar com somente duas aulas semanais nas turmas de 6º ano e 7ª série. Pois ocorrem semanas que são somente uma aula, por motivos de feriados, reunião pedagógica, etc.
Outro ponto importante, colocado pela professora S. é que geralmente a carga horária da disciplina de História é fechada e não ocorre o tempo de planejamento na escola. Criou um mito que bom professor deve levar trabalho para casa. Temos que trabalhar em casa, pois muitos de nós não temos tempo para fazer no nosso local de trabalho. Sou da teoria que professor precisa descansar, ler um bom livro e ser feliz. O professor tem que ter condições para o descanso. Neste caso devido à carga horária excessiva de muitos amigos de profissão, inclusive a minha de 50 horas semanais. Muitos de nossos professores estão doentes. Pessoas doentes não têm como ensinar. O professor tem que passar otimismo para os seus alunos. Não cansaço ou muito menos stress. A secretária de Educação está estudando para 2012 o um terço de hora-atividade.
Outros professores citam que deveriam receber apoio de recursos como de filmes e documentários. No mercado estão disponíveis alguns filmes. O grande problema na utilização de filmes são as indicações da faixa etária. Muitos filmes de épocas como Tróia, Gladiador e as Cruzadas são filmes extremamente violentos para crianças ou pré-adolescentes de 11 ou 12 anos. Deixo como sugestão para a coordenação ou num encontro de estudo por área para que façamos a seleção de alguns filmes ou parte deles para serem utilizados em sala. Poderíamos criar um acervo na SEMED direcionados aos professores de História.
A sugestão do professor Ro. é “melhor a estrutura física das escolas”. Isso é um sonho de todos penso que, inclusive da SEMED. Como seria bom com salas de aulas ambientes, ar-condicionado, quadro branco, salas pintas, etc. Um ambiente cuidado, organizado e bonito também ajuda na aprendizagem. Como fazer isto? São diversos fatores: ajuda da APP, interesse de Direção, apoio dos alunos e professores e colaboração da Prefeitura com alguns recursos financeiros. Temos exemplos de várias escolas na rede que com apoio de todos ocorre uma melhora na estrutura física.
Não podendo deixar de citar que diversos professores colocam como sugestão a palavra salário, pois a valorização do professor também deve ser financeira. Deve-se pensar na questão salarial, pois está faltando professor. Temos que selecionar os melhores estudantes e que o salário incentive que entrem no magistério. Haverá concorrência e pela lei da oferta e da procura ficarão os melhores de cada área.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A disciplina de História passou por várias mudanças até chegar como é ensinada na escola nos dias atuais. Na Idade Média o poder da educação estava nas mãos dos padres. Colocando a história sagrada, o poder da igreja Católica e a importância de Deus. No momento que se formam os Estados Nacionais a importância passa para os reis. A educação brasileira por muito tempo teve ligação com a educação europeia. Ocorreu a história positivista que é baseada em documentos deixando muitos excluídos da história. A História ensinada nas escolas eram “heróis”, decorar datas e nomes de personalidades. Apesar de muitos professores ainda trabalharem a História positivista. Hoje, a maioria dos professores quer que seus alunos se percebam fazendo parte da História. A história sendo ensinada com textos críticos e reflexivos, música, filmes, teatro. Uma metodologia diferente do decorar. Uma metodologia que o educando se perceber como agente histórico e que faz a mudança na sociedade.
Com a pesquisa feita com os profissionais confirmei algo que já imaginava, que as maiores dificuldades seriam a indisciplina, falta de tempo para planejamento e carga horária excessiva. Porém, os professores mostraram criativos na hora de desenvolver as atividades dando várias sugestões para que nós professores possamos por em prática para diminuir a indisciplina. Como, por exemplo, pesquisa na internet, cruzadinhas elaboradas pelos alunos, paródias, maquetes, desenhos. Acima de tudo, o professor somente alcançará disciplina do aluno se tiver domínio da disciplina que leciona.
Em relação ao livro didático é interessante que tenha um mesmo para a Rede Municipal, pois muitos alunos trocam de escola no decorrer do ano e facilita o trabalho dos professores que lecionam em mais de uma escola. O livro é um dos recursos que ajudam na aprendizagem. É um ponto de apoio para alunos e professores. A maioria dos professores colocou como sendo mais um recurso, porém bastante importante.
A parte da pesquisa que me surpreendeu foi sobre as mudanças para o ensino da História da rede Municipal de Blumenau. Nesta pesquisa gostei das sugestões dos professores de História. Penso que foram espontâneos nas suas respostas. Para a maioria dos casos temos soluções a curto, médio e longo prazo. Algo como a valorização do professor, salário, recursos didáticos, formação continuada, tempo para planejamento. Cada um fazendo sua parte (família/Estado – professores/alunos) a educação pode dar um salto de qualidade. A sociedade teve mudar para melhor e nós somos os agentes históricos que mudamos a sociedade. Não é somente nosso governante que faz esta mudança. Por isso temos que repensar nossas práticas em sala. A História tem que ser pensada e é vivida.
5 REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
FONSECA, Thais Nivia de Lima. História e ensino de história. Belo Horizonte: Autêntica, 2006 .
NADAI, Elza. O ensino de história no Brasil: trajetória e perspectiva. In: Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH/ Marco Zero, v. 13, n. 25/26, set. 1992/ago. 1993, p. 146. (Memória, história e historiografia – Dossiê Ensino de História).
RAMOS, Paulo. Como desenvolver uma educação de qualidade com os pilares da metadisciplinaridade? 3.ed. Blumenau: Odorizzi, 2011.
SCHIMIDT, Maria; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.
ANEXOS
ANEXO 1 - Tabela de Professores da Rede Municipal
Professores Efetivos
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15
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Professores ACT
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9
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FONTE: Dados coletados via a entrevista realizada pela pesquisadora.
FONTE: Dados coletados via a entrevista realizada pela pesquisadora.
ANEXO 3
Pesquisa de campo
Nome do professor: ___________________________________________________
Escola:_____________________________________________________________
Tempo de atuação na no ensino da História _______________________________
Na rede municipal ( ) ACT ( ) Efetivo
1. Quais as maiores dificuldades que você como professor enfrenta na disciplina de História?
( ) indisciplina dos alunos
( ) formação em outra área
( ) carga horária excessiva
( ) falta de tempo para planejamento
( ) falta de suporte pedagógico
( ) pouco material didático
( ) Outro _________________________________________________
2. Quais as atividades que você desenvolve com as turmas que dão certo?
______________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Qual o seu olhar sobre o livro didático utilizado nas aulas de História?
______________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Que mudanças você deseja para o ensino de História na Rede Municipal de Ensino de Blumenau?
______________________________________________________________________________________________________________________________________
ANEXO 4
No ano de 2011 a SEMED repassou os conteúdos a serem trabalhados com as turmas do 6º ano. Sendo:
- as origens do ser humano;
- o povoamento da América;
- civilizações fluviais: Mesopotâmia e Egito;
- civilizações fluviais: China e Índia;
- fenícios e hebreus;
- a civilização grega;
- a civilização romana;
- a crise do Império Romano.
Destacando a importância de trabalhar os temas relativos à diversidade cultural dos povos indígenas e africanos conforme preconiza a Lei 11.645/2008, ainda, questão de gênero, ECA e Educação Fiscal.