EU AVALIO, TU AVALIAS, ELE AVALIA, NÓS AVALIAMOS, VÓS AVALIAIS, ELES AVALIAM

Autora: Andréia Toretti

                                                             EU AVALIO, TU AVALIAS, ELE AVALIA, NÓS AVALIAMOS, VÓS AVALIAIS, ELES AVALIAM

 
 
RAMOS, Paulo. Os pilares da metadisciplinaridade para
educação e avaliação. 6.ed.Blumenau: Odorizzi, 2008.
 
 
Durante muito tempo, avaliar significou testar a fim de medir o progresso obtido pelos alunos. Isto começou na década de 30 com os trabalhos de Ralph Tyler, ou “o pai da pesquisa avaliativa, como era conhecido”. Seus estudos incluíam uma variedade de procedimentos avaliativos – testes, escalas de atitudes, inventários, fichas de registro de comportamento e questionários para coletar informações referentes ao desempenho dos alunos. Analisando friamente, percebe-se que não mudou quase nada daquela década para o tempo atual, pois a única diferença que vejo é que nos termos de avaliação professores e alunos deixam a desejar. O aluno somente se esforça, se a avaliação vale nota. Se não vale, para que estudar? O professor só dá nota nas provas e se esquece de avaliar pela observação do entendimento do seu aluno. Isso pode ser observado em sala de aula, pelo comportamento do aluno frente ao que está sendo proposto. Se interage, se está aprendendo, se está conhecendo o que o professor traz de novo.
Avaliar não quer simplesmente dizer que se fazer uma prova e se ganhar uma nota, está pronta a avaliação. É preciso mais. É preciso o olhar fulminante e sedento de mestre do professor em cima da aprendizagem e do conhecimento. Estamos em constante avaliação. Ou avaliamos ou somos avaliados. Avaliamos os outros, o tempo, as roupas das vitrines e até o que não nos diz respeito. Por que avaliamos tantas coisas e esquecemo-nos do processo dinâmico entre o pensar e o saber? Avaliamos o aluno pela primeira impressão. É como diz o ditado: “a primeira impressão é a que fica”. Isso é muito ruim, pois a avaliação baseada em impressões, aparências, impede que se veja a realidade levando o professor a uma concepção distorcida do alcance educacional do aluno. Para muitos professores internalizar o assunto repassado e mostrar que aprendeu através da participação nas aulas basta, em compensação para outros, provas tornam-se exigências. Se os alunos sabem o assunto, mesmo assim vão mal na prova, são submetidos ao ridículo sendo humilhados por uma nota baixa, enquanto o primeiro exemplo citado não deixa de ser um aprova, uma avaliação, onde o aluno sente-se mais à vontade, onde não existe decoreba e nem cola. A estes professores chamo tradicionalistas (não saem das rédeas). Um aluno jamais regride em sua aprendizagem, em algum ponto ele evolui aí que entra o olhar avaliativo do professor. Contudo, hoje em nossas escolas a avaliação acontece da seguinte maneira: - o professor ensina o conteúdo, aplica o teste para a turma, e a nota que foi dada vira média no final do bimestre, sendo que o importante não é a nota do teste e sim a aprendizagem de seu aluno e já que a qualidade do ensino passa necessariamente, pelo ato avaliativo do professor, que tal mudar a forma de avaliação tradicional utilizando uma linguagem atual para esta nova geração de estudantes? Isso é possível, basta querer, saber fazer e fazer saber. Mudar não dói, só faz crescer. O aluno o precisa de fantasia, de aventura, de desafios, para assim, aguçar sua capacidade em busca do conhecimento. Em busca de querer aprender.
Dentro da prática metadisciplinar temos:
·         Conteúdos conceituais com ênfase no saber;
·         Conteúdos atitudinais com ênfase no fazer saber;
·         Conteúdos procedimentais com ênfase no saber fazer.
Ou seja, o professor que no processo de ensino aprendizagem principia com a bagagem que o aluno carrega consigo, dificuldades, avanços entre outros, notará com facilidade que todos aprendem os conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais. Para tanto, o professor deve e precisa acreditar que todos podem aprender estes conteúdos através de experiências e vivencias aproximando ateria da prática.
 
[...] Na escola cujo valor maior são as provas, os bem sucedidos são aqueles capazes de melhor repetir o que diz o professor, enquanto os que ousam divergir são considerados “alunos-problema” e recebem as piores notas. Ou seja, a nota dez recebe aquele que foi capaz de responder de acordo com as verdades do professor e do autor por ele referendado. A nota cinco é a que recebe aquele que respondeu “certo” apenas 50% do que lhe foi perguntado. (GARCIA, 2000, p. 41, grifo do autor).
 
A citação acima nos afirma que a avaliação não deve ser feita só para testar os conhecimentos do aluno, mas também para testar o professor e deve ser dirigida a realidade do aluno. Do professor e da aprendizagem e não ser uma mera obrigação de final de período letivo. Contudo, é certo que os avaliadores detestam ser avaliados. Existem dentro do mundo da educação, professores que se colocam em pedestais tentando mostrar que sabem tudo e que os alunos é que precisam rastejar para chegar aos seus pés. Pensam que são inatingíveis modelados e acabados. Esquece-se de que o conhecimento é inacabado e que devem buscar o novo. Por isso, não gostam de ser avaliados. Para alguns alunos a avaliação através de provas e testes ocasiona pânico, angústia e principalmente medo. Acredito que assim também se sinta o professor quando está sendo avaliado e por isso, o “trauma” deste ato. Por mais incrível que pareça também não se auto avaliam, o que poderia ser feito para se observar se o aluno está ou não internalizando a matéria e se não estiver, será mesmo o aluno que não consegue ou não quer aprender, ou é o professor que não está conseguindo se fazer entender. Se usar como base avaliativa a avaliação diagnóstico-formativa, poderá consertar os erros no meio do caminho percorrido e não somente no final do bimestre.
 
[...] A avaliação, com o ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não exclusão; a inclusão e não a seleção (que obrigatoriamente conduz a exclusão). O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar decisões no sentido de criar condições para a obtenção de uma maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo. (LUCKESI, 1998, p. 172-173).     
 
Na educação se faz necessário refletir e analisar ao realizar avaliação, sobre QUEM? (os sujeitos envolvidos no processo educativo); PARA QUÊ? (diagnosticar dúvidas e certezas para redimensionar a ação educativa); O QUÊ? (a evolução do educando, seus avanços e dificuldades); COMO? (por meio de objetivos claros e registro das informações fornecidas pelos pais, alunos e professores). É assim que a metadisciplinaridade contribui no processo de ensino e de aprendizagem. Não se classifica um aluno que tira nota 10 como o mais competente, pois o mesmo pode ter somente decorado ou feito cola. Assim, chega-se a conclusão de que nem sempre a nota da prova corresponde aquilo que aluno sabe realmente. Segundo Ramos (2008, p. 38), é preciso resgatar o direito do aluno a uma educação que respeite seu processo de construção do pensamento, que permita desenvolvê-la plenamente.
A avaliação precisa ter objetivos claros, simples, que ajudem o professor e o aluno a melhorar o processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, o professor que utiliza a avaliação como meio para o aluno ver seu crescimento nos termos reflexivo, compartilhado conectado e autonomizador, está preparando um ser humano crítico, criativo, competente, livre e responsável. Infelizmente ainda existem professores que apenas repetem o que já está modelado, acabando de engessar seus alunos. É preciso que o professor formule objetivos mais ambiciosos para que o aluno não apenas repita, e sim, que utilize os conceitos adquiridos para executar novos projetos. Algo de relevância seria formular os objetivos em cima do entendimento e das vivências que os alunos possuem. Aqui entra o que chamamos de critérios, que servem para diagnosticar, apreciar, comparar e analisar a produção ou reprodução do conhecimento, isto é, o que o professor deve levar em consideração quando for formular os objetivos da avaliação. Se nesta avaliação o professor usar critérios de entendimento reflexivo, compartilhado, conectado e autonomizador, conseguirá uma aprendizagem mais significativa. Sobretudo, ainda se vê que a importância não está no que o aluno sabe e sim, no quanto sabe. Esquece-se de enxergar o entendimento como conhecimento consciente. Avalia-se também a aprendizagem pelo conhecimento, onde o aluno se torna crítico de sí próprio, de seus colegas e de seus professores, articulando, criando, questionando, em momentos apropriados.
Para conseguir este feito com os alunos, é necessário que o professor tenha experiências significativas de trabalho com a disciplina. Que entenda e domine a arte do que está ensinando, do que está propondo a seus alunos. Nesta perspectiva, Delors (1998, p. 89-90), destaca quatro pilares fundamentais, os pilares do conhecimento, necessários à educação.
1.   Aprender a conhecer;
2.   Aprender a fazer;
3.   Aprender a viver juntos;
4.   Aprender a ser.
O aluno nos dias de hoje, suga muito mais do professor, portanto, deve estar preparado para provocar o aluno a se assumir como sujeito do ato do conhecimento. A busca da reflexão no processo de ensino é imprescindível, para que os alunos construam o saber. O professor deve concentrar-se numa reflexão apropriada de seus propósitos, de como atingir com sucesso o desenvolvimento de seus alunos. Deve estimular a curiosidade, a observação, a crítica, a compreensão e a indagação. Ramos (2008, p. 59), destaca que “ensinar significa criar condições para que o aluno efetivamente entenda o que se está querendo que ele aprenda”. Nestes termos o professor pode utilizar-se do entendimento conectado, onde o conteúdo a ser posto, trabalhe a compreensão da sua realidade e que dê chance ao educando de desenvolvê-lo.
 
Que todo o nosso conhecimento começa com a experiência, não há dúvida alguma, pois do contrário, por meio do que a faculdade do conhecimento deveria ser despertada para o exercício senão através de objetivos que tocam nossos sentidos e em parte produzem por si próprio representações, em parte põe em movimento a atividade do nosso entendimento, para compará-las, conectá-las ou separá-las e, desse modo, assimilar a matéria bruta das impressões sensíveis a um conhecimento dos objetos que se chama experiência? Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a experiência, e todo ele começa com ela. Mas embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso todo ele se origina justamente da experiência [...] Tais conhecimentos denominam-se a priori e distinguem-se dos empíricos, que possuem suas fontes a posteriori, ou seja, na experiência. (KANT, 1781, 1987, p. 25).
 
Mas ainda há a dificuldade de integrar o conhecimento conceitual ao que o aluno carrega em sua bagagem. A prática em sala de aula deve proporcionar aos alunos a oportunidade de associar o que está aprendendo ao que carrega consigo, obtendo sucesso no processo de aprendizagem. Podendo compartilhar suas experiências, dúvidas, interpretações para melhorar seu desempenho, dá-nos a certeza de que contribuímos como professores, para uma boa avaliação da aprendizagem. O professor deve oportunizar aos alunos tarefas em grupo e que estes consigam interagir e se relacionar para evoluir. Deve também ter a visão de que se ensina um assunto de maneira variada, pois nem todos aprendem do mesmo modo.
Em meu tempo de colegial tive uma experiência significante, onde o professor de matemática explicava e ao final perguntava se todos haviam entendido. Se alguém dissesse que não, explicava separadamente e tomava outros caminhos, até que de alguma forma, o aluno aprendesse. Cabe ao professor oferecer experiências para se fazer uma aprendizagem autônoma, para que o aluno possa expressar suas opiniões. O professor que carrega consigo o entendimento autonomizador consegue fazer com que seus educandos construam novos conhecimento, sendo independentes, sendo autônomos, capazes de refletir, interpretar, conectar, compartilhar e confrontar fontes de informação que o deixem viver em plena integração de sua autonomia. Penso que o entendimento autonomizador deve ser utilizado pelos educadores para seu próprio crescimento, pois é algo a ser construído numa busca constante, ou seja, buscar o novo sempre, para crescer. Tendo isso bem claro, o professor conseguirá fazer com que seus alunos encontrem também o entendimento autonomizador para crescerem positivamente na aprendizagem. Aluno e professor caminham juntos e o ensino aprendizagem se dá de igual para igual.
Desde que me entendo por ser um ser humano, professores repassam conteúdos mecanicamente e cobram por meio de provas e trabalhos o que seus alunos decoraram. Lembro-me do meu estudo no primário, hoje séries iniciais, onde as professoras ficavam sempre sentadas em suas mesas, com postura soberana, esperando-nos entrar e sentar. Mas se podia entrar na sala de aula de qualquer jeito. Ficávamos em fila com a mão direita no ombro do colega da frente, sem falar uma palavra. Em cima da mesa da professora ficava um vaso com flores, nossos cadernos corrigidos, o material da professora e uma régua que usava para apontar o que lia no quadro verde escrito a giz. Puxões de orelha e reguadas eram os castigos menos severos. Tomávamos muito cuidado para não ter que visitar o diretor, pois, em sua sala havia uma régua de madeira que para nós era gigante. Dependendo do que de grave havia sido feito o aluno apanhava nas mãos com aquela régua. O diretor era um homem respeitável e temido. Alto com olhar fulminante. Não me lembro de vê-lo sorrir. Quando entrava em nossa sala de aula, trancávamos até a respiração e era ordens dele ficarmos uns atrás dos outros com as carteiras enfileiradas e ai de nós se sentássemos inadequadamente ou estivéssemos sem uniforme que na época era saia de prega azul, camisa e meias brancas e tênis. E para os meninos shorts azul com suspensório, camisa e meias brancas e tênis. Os desfiles do dia da independência eram ensaiados com antecedência, tanto nas dependências da escola, quanto na estrada principal do município. Muitas das crianças vinham para escola sem tomar café, então na hora da homenagem à bandeira, desmaiavam de fome ou por ficar muito tempo embaixo do sol quente. Meu pai Dario comentou que quando fazia o primário nos anos de 1.969, as carteiras eram duplas e o professor colocava os rapazes sentados ao lado das moças. Sentia muita vergonha, deixava a cabeça baixa sem olhar para o lado. A escola era longe de sua humilde morada, então esperava carona de um senhor que passava todos os dias por ali de carroça. Este senhor, por sua vez, não o deixava subir, sendo assim, corria para se grudar atrás dela e ia arrastando um bom pedaço do caminho. Mas quando aquele senhor notava, dava chicotadas para fazê-lo largar da carroça. Naquele tempo a vida era difícil e meras eram às vezes em que ganhava roupa ou calçados. Uma vez por ano ganhava um par de chinelos. Em uma dessas de se agarrar atrás da carroça e arrastar os chinelos, fez dois furos no lugar do calcanhar. É óbvio que levou uma surra assim que chegou em casa e andou descalço o resto do ano. Mochilas eram artigos de luxo, artigos que ele nem em sonho podia ter. Sua mochila era feita de saco de açúcar, onde carregava um pequeno caderno e um lápis. Andavam quilômetros na geada grossa, descalços até chegar à escola, tanto meu pai Dario, quanto minha mãe Mariza. Meu pai estudou somente até a sétima série. Minha mãe começou os estudos em 1.975 e parou na sexta série por causa de uma professora muito rígida e severa. Terminou seus estudos há alguns anos utilizando-se do ensino para jovens e adultos, CEJA, para fazer também o segundo grau.
Não contente com apenas essa história, busquei informações sobre o tempo em que meu nono Moacir (em memória) e seus irmãos iam à escola. Tio Horácio, que hoje tem 73 anos foi quem detalhou a história. O professor saia do Caminho do Morro (Dona Emma) a cavalo, para chegar ao Caminho Pinhal também em Dona Emma. Tio Horácio e seus irmãos caminhavam 12 quilômetros por dentro do mato até chegar ao encontro do professor. A escola na verdade era uma pequena casa de madeira com telhado de palha, que servia de igreja para os moradores, no fim de semana.  O chão era de barro, os bancos eram compridos e uma enorme mesa servia de apoio para os cadernos. Isto se passou nos anos de 1.947, onde já não se usavam mais lousas feitas de pedra. O professor ensinava o A, B, C e os números, no recreio jogavam baralho e depois faziam todo o trajeto de volta para casa. As aulas aconteciam uma vez por mês ou a cada quinze dias. Tio Horácio lembrou que seu professor se chamava Luíz Dagostin. Era calmo e nunca bateu, não castigava os alunos. Todas as dez crianças que estavam comportavam-se muito a mando dos pais, pois a figura do professor para eles era comparada a Deus, por isso, respeitavam-no muito. Estudou no tempo da cartilha. Não chegou ao primeiro ano. Anos mais tarde uma escola foi construída no lugar daquela igrejinha, mas por ter que ajudar seus pais na roça para o sustento da família, não pode continuar seus estudos. Ressaltou ainda que nunca vira a bandeira nacional e nem conhecera o hino. Seu caderno e sua cartilha eram levados no saco de açúcar. Usavam calças curtas e remendadas e iam pelo caminho da escola comendo um pedaço de batata-doce assada enquanto caminhavam. Tio Horácio relatou sua história muito emocionado por se lembrar dos tempos difíceis que passou.
Luíz, professor de meu tio, era bem diferente de um que me lembro de ter no ginásio, hoje Ensino Fundamental. Só porque não levei uma questão respondida do questionário tive que ficar de braços para cima, encostada na parede de frente para o quadro, a aula inteira. Puxões de orelha, ajoelhar no milho ou no cascalho quando se esqueciam de trazer o milho, eram os castigos que este e mais uma professora davam-nos. Não gosto de me recordar deste tempo. Era comum nos tempos mais remotos a utilização da força física e dos castigos severos na educação. Hoje, os castigos não são assim severos. Na Educação Infantil, tenho em minha sala de aula, o cantinho do pensamento, onde as crianças ficam em torno de cinco minutos pensando em seus atos.
Por falta de mão de obra qualificada (professores habilitados) na área da educação, muitas pessoas são convidadas a dar aulas sem saber levar em conta erros e acertos que ajudem no aprendizado dos alunos, por falta de conhecimento do trabalho que está desenvolvendo, pois não é especializado para aquilo. Antigamente era assim, hoje é assim e pelo visto futuramente continuará assim. Houve o tempo dos castigos severos, onde os alunos tinham que se comportar na base da vara. Se analisarmos friamente, naquele tempo pelo menos os alunos respeitavam os professores. É claro que não é preciso adotarmos os mesmos castigos, mas paremos para analisar o que é uma escola hoje. Um local onde alunos agridem verbalmente e fisicamente os professores. Onde depredam as salas de aula, onde acontece quase de tudo, até serve como ponto de repasse de drogas. Só não é um local de ensino e aprendizagem. Não é significativamente esta a nossa realidade, entretanto, não está longe de acontecer. Podia ser bem diferente se a educação fosse mais rígida tanto dos pais, quanto da escola e não é preciso punições severas e sim apenas uma educação mais rígida em valores, pois estamos lidando com seres humanos em construção. Infelizmente sempre foi mais fácil a família jogar a responsabilidade na escola e a escola devolvê-la a família, ficando o aluno no meio disto tudo como uma mera bola de ping-pong.
O livro de Paulo Ramos mostrou-se muito interessante, por isso venho destacar o primeiro parágrafo da página vinte que diz o seguinte: - “Entendemos então, que a mudança na educação e na avaliação precisa acontecer na sala de aula, pois é um dos locais que deve dar início a essa nova forma, visando à competência do aluno. Competência entendida para criar novos saberes. E a escola que trabalha competência, prepara o aluno para a vida”. Como já havia destacado na resenha do livro anterior, muitos professores pensam que estão educando seus alunos para a vida, esquecendo-se de que a vida é a própria escola.
Por que não utilizar formas dinâmicas de avaliar. Ao invés de fazer uma prova, com os alunos enfileirados, propor aos mesmos, uma brincadeira, ou música, uma trova, por exemplo, sobre o assunto dado. Uma disputa com perguntas e respostas com direito a tortadas de chantilly. Ótima forma descontraída de avaliar. O professor deve incentivar seus alunos a fazer escolhas, possibilitar sonhos, ensinar a arte de fazer pensar para ser um professor inesquecível e certamente o ser humano seria menos engessado.
Queremos alunos que aprendam através de bons ensinamentos. Que cresçam nas mãos de ótimos mestres. Que respirem sabedoria e aprendizagem. Que aprendam de modo prazeroso e que não precisem utilizar-se de cola ou decoreba para ganhar uma nota.
Destaco que amei o segundo capítulo do livro, pois pude relembrar meu tempo de colegial e resgatar memórias quase esquecidas. Tio Horácio, me contou sua história com lágrimas nos olhos. Na medida em que lembrava-se de que sua escola era uma casinha de madeira coberta de palha, com chão de barro, onde eram feitas aos domingos, as missas da comunidade e que andavam quilômetros descalços, com roupas remendadas, no frio, para chegar até lá, abaixava a cabeça para que eu não o visse chorar. Lembrou-se com muito orgulho daquele professor calmo que nunca os submetera a um castigo se quer. Então ressaltou que foi melhor ter apenas o pouco estudo da cartilha e não ter chegado a frequentar a primeira série do que servir ao exército.
Na página 110, me deparei com minha realidade atual sendo professora na Educação Infantil, onde descrevemos as crianças em forma de texto ou alternativas de assinalar, aquilo que imaginamos ser a criança, para agradar os pais, ou seja, infelizmente somos forçados pelo sistema de regras, a mentir. Ou se faz como é mandado, ou é mandado procurar outra ocupação. E na educação atual a frase a seguir fica somente para enfeitar o papel, pois infelizmente estamos presos a regras que vem de cima. “Se o caminho se faz ao caminhar, basta ousar, ousar mudar, dar o primeiro passo”. (RAMOS, 2008, p. 102). 
                                                                                                                       
 
Andréia Toretti
                                                                                                                                                                                                Presidente Getúlio – 2012