SER PROFESSOR NA CONTEMPORANEIDADE

Autora: Eliane Cristina Volpi Ranghetti, Karine Zapellini e Sonia Regina Spezia

SER PROFESSOR NA CONTEMPORANEIDADE

 

 

RAMOS, Paulo. A formação do professor na perspectiva da metadisciplinaridade.

3. ed. Blumenau: Odorizzi, 2012.

 

 

Paulo Ramos, Mestre em Educação de Ensino Superior, é pedagogo, escritor, palestrante, hipnoterapeuta e diretor. Exerceu várias funções dentro da área da educação. Atualmente dirige o Instituto de Ensino Superior a Distância (IESAD).

No livro, Ramos vem com o intuito de fazer refletir sobre a formação dos professores e os reflexos que esta formação traz para a instituição escolar, bem como para o contexto social em que ela está inserida.

Um dos aspectos mais interessantes de A Formação do professor na Perspectiva da Metadisciplinaridade é a ideia de conceber o educador como sujeito aprendente que, posteriormente, gera uma análise focada na importância da formação em serviço deste profissional que não pode parar de construir e reconstruir o seu conhecimento, o seu saber. A partir disto, o autor levanta a questão: “Será que a formação em serviço está adequada à realidade escolar atual?” Esta indagação remete a pensar em outro sujeito, o aluno; pois, se o professor busca por continuidade na formação, ele oferecerá ao seu aluno um ensino de qualidade, que tem como objetivo a formação de um cidadão crítico e comprometido com a transformação.

Para fundamentar teoricamente suas ideias e opiniões, Ramos cita ao longo do livro intelectuais como Freire, Nóvoa, Perrenoud, Piaget, Vygotsky, entre outros, além de referenciar algumas de suas próprias obras.

O livro resenhado é dividido em cinco capítulos, sendo que estes também são divididos em subtítulos.

O autor inicia falando sobre a formação do professor no Brasil e apresenta um breve resumo histórico, sobre a preparação de professores para a formação de novas gerações. O autor afirma que esta “preparação” sempre recebeu atenção especial no Brasil e mostra que o primeiro enfoque sobre esta ideia mostrou-se já no Brasil imperial. Ressaltando os pontos mais importantes desta trajetória, o autor, chega a lei atual, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Neste ponto, Ramos faz uma crítica sobre a real preocupação do governo em relação à formação dos docentes, pois esta é requerida, entretanto não obrigatoriamente faz-se necessário tê-la para poder exercer esta profissão.    

Ressalta ainda que com o decorrer dos anos aconteceram muitas mudanças com enfoque na profissão docente. Atualmente, o docente não é mais visto apenas como mero transmissor de conhecimento, mas sim como um sujeito que constrói e reconstrói o conhecimento, que prepara o aluno para a “vida”, no sentido de torná-lo um cidadão crítico e reflexivo perante a sociedade. O autor ainda reforça que o principal objetivo da educação é tornar as pessoas mais livres e menos dependentes do poder econômico, político e social.

Deixa evidente como exigência da sociedade contemporânea, o novo professor. Este é um sujeito que busca por formação, pois ele é constantemente desafiado a criar grandes projetos de conhecimento aliados à pesquisa, vivenciando na sala de aula a realidade do aluno. Para que isto realmente aconteça, o professor precisa exercitar e exercer o seu lado reflexivo, sendo ainda um constante pesquisador que descobre, inventa, compara e transforma suas ações de maneira consciente e criativa.

O autor nos mostra que ao se pensar na construção da profissão do professor, faz-se necessário levar em conta o contexto sócio-histórico que legitima o conhecimento, sendo que é neste contexto que o professor encontrará alguns aspectos fundamentais que o auxiliam nesta profissão, são eles: o social, o político, o econômico e o acadêmico, além do compromisso pessoal e profissional. Entende-se assim, que apenas a formação acadêmica não basta, pois o professor tem uma formação continuada, formação esta que acontece durante toda a vida.

A caminhada de “ser” professor se firma em sua trajetória, na história, nas mudanças e construções da sociedade, na participação e no domínio de novas técnicas e saberes. Desta forma, conclui-se que a formação docente deve ser contínua, pois a cada momento o professor está inserido em um novo contexto social, onde prevalecem as mudanças e inovações.

O professor não lida só com o conhecimento, ele tem que trabalhar com outros saberes e lidar com situações diversas. Neste sentido, o autor nos mostra que na perspectiva da metadisciplinaridade, a formação do professor deve ser construída, a partir das suas experiências e vivências, o que auxilia os alunos ao respeito mútuo, a justiça, o diálogo e a solidariedade, enfrentando desafios e fortalecendo uma educação do ser e do saber, ou seja, cidadã emancipando o sujeito. A metadisciplinaridade assegura aos alunos o direito de aprender, sendo que os professores também têm assegurado o direito de aprender a ensiná-los.

Outra questão importante abordada é o fato de que para realizar um trabalho pedagógico conciso, o professor necessita estar em contato com a realidade, pois é nela que seus alunos estão inseridos e é dela que surge a formação inicial do cidadão. Consciente disto, o professor precisa ter uma postura reflexiva, para que possa agir sobre ela e refletir assim em sua prática. Neste sentido, a formação não se constrói por acumulação de cursos, conhecimentos ou técnicas, mas por meio de um trabalho de reflexão crítica, em serviço sobre a prática.

Contudo, fica nítida em sua retórica que formar metadisciplinarmente para a contínua evolução do conhecimento humano, não significa apenas prover o educador com um sólido banco de dados. A formação metadisciplinar volta-se mais a integralidade do ser e do saber.

Segundo o autor grande parte dos cursos de formação inicial de professores está desvinculada da realidade social e escolar chocando valores e métodos pedagógicos, ou seja, a formação inicial não consegue preparar plenamente o professor para o exercício de suas atividades, tornando cada vez mais importante repensar uma formação que busque em seus pressupostos teóricos e práticos, uma reflexão e uma sensibilização dos futuros professores diante da diversidade das identidades e diferenças no contexto escolar e de sua práxis.

Ramos nos mostra que para formar-se professor precisa-se, sobretudo, viver como professor e para que isso ocorra, a educação pode se firmar em torno de quatro aprendizagens fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser, que serão para cada indivíduo os pilares do conhecimento, tendo que perceber que estas quatro vias do conhecimento do saber estão interligadas necessitando sempre de troca de informações.

Pensando no professor como sujeito aprendente neste processo educacional, o autor nos explica a importância da formação em serviço, pois ela permite ao docente desenvolver um conhecimento profissional que permite avaliar o potencial e a qualidade das inovações educativas que devem ser trabalhadas e introduzidas constantemente nas instituições. Reforça a ideia afirmando que a formação em serviço deve constituir um espaço de produção de novos conhecimentos, de troca de diferentes saberes, de reflexão, para o professor repensar e refazer a sua prática, de construção e competência do mesmo.

Outro aspecto fundamental bem explicitado no livro pelo autor é a questão da avaliação, pois na metadisciplinaridade, ela pode servir como um instrumento de autoconhecimento e deve ser vista como um momento de reflexão dos professores sobre suas práticas em relação aos educandos no processo de formação.    

Portanto, a metadisciplinaridade vem com o intuito de mudar comportamentos. Ela é revolucionária e requer mudanças profundas no modo de pensar e agir das pessoas.

“Assim, seguimos confiantes de que os profissionais que verdadeiramente amam a arte de ensinar e aprender saberão encontrar as melhores ferramentas e alternativas para se tornarem inesquecíveis”, apesar de todas as dificuldades que possam encontrar. (RAMOS, 2012).

Desde o título do livro, presume-se que a questão da formação docente merecerá atenção. De fato, em todo o decorrer do livro o autor vai comentando e explicando vários aspectos que envolvem a área da educação, sempre reforçando o tema da formação docente como forma de se buscar por uma educação de qualidade.

O autor nos deixa claro que a formação dos professores precisa de novos desafios, novos horizontes que possam garantir ao aluno condições de inserção social e capaz de colaborar para a transformação da realidade.

O ato de ensinar não se limita as salas de aula, os professores precisam estar conscientes de que o processo de formação é inacabado e se prolonga por toda a sua vida profissional. Este é o caminho para que a educação ultrapasse barreiras e dificuldades, para a formação plena de indivíduos democráticos e críticos perante a sociedade.

Para que isso realmente aconteça é preciso que o professor faça a diferença, que seja capaz de não apenas ensinar, mas estar aberto para aprender, tornando-se um professor comprometido com o educando para cada vez mais buscar uma educação qualitativa, pois essa vem ao encontro da Metadisciplinaridade, que busca profissionais comprometidos com o seu crescimento profissional, querendo alternativas para resolver os problemas e não apenas procurar culpados.

O verdadeiro professor não é aquele que apenas repassa o conteúdo, mas aquele que o transmite para seu aluno, levando-o para a realidade, seduzindo o aluno para que o mesmo deseje aprender. Professor e aluno devem ouvir, discutir, dialogar, questionar, problematizar o conhecimento, pois desta maneira o aluno sente-se desafiado e busca o saber, assim ele irá construir seu próprio conhecimento através de suas experiências em sala.

Professores comprometidos em interagir com os alunos e buscando soluções cada vez mais significativas e qualitativas é o caminho mais correto para formar uma escola e uma sociedade mais justa.

É uma obra de valor, porque nos faz repensar a educação como um todo, como a educação vem sendo trabalhada atualmente.

O livro contribui de modo inovador no estudo das novas propostas educacionais como a formação em serviço, apresentada por Ramos, que tem como base a inovação pedagógica da rede escolar e a busca por qualificação docente.

Sua contribuição fez crescer, de modo valoroso, o conhecimento sobre questões sociais e pedagógicas indispensáveis a formação do indivíduo.

Seu estilo é conciso e objetivo. A linguagem foi utilizada de forma precisa e coerente. Seu modo de conduzir o assunto foi claro e bem direcionado.

Assim sendo, este livro torna-se um ótimo referencial, a todos os professores que atuam em qualquer nível de formação, que tem interesse em buscar por qualidade no ensino e acima de tudo, que acreditam no poder transformador da educação, pois é por meio de sua atuação docente que são formados indivíduos plenos, democráticos, autônomos e protagonistas de seu próprio projeto de vida.

 

 

Eliane Cristina Volpi Ranghetti

Karine Zapellini

Sonia Regina Spezia

Turma de Massaranduba 2012 – 2013